sexta-feira, agosto 31, 2007

Portalegre...

Grandes fins exigem grandes decisões…Hoje foi o meu dia.
Em Outubro estou de volta a casa!

quinta-feira, agosto 30, 2007

Não se desprendia...


E de repente sentiu-se assim, enraivecida, com uma lágrima nervosa no canto do olho, com medo de explodir a qualquer minuto e nem saber bem porque.
Sentiu tudo aquilo num turbilhão que oscilava entre o medo, o tédio, a angústia total e sombria, á ingénua esperança de que alguma coisa haveria de correr bem.
Como uma criança encolhia-se em si andando pelas ruas sozinha, com ar assustado á espera que alguém lhe estendesse a mão…
Aquela sensação de abandono total não se desprendia…
E embora soubesse não estar só sabia que há coisas na vida, que apenas podem ser feitas na solidão do nosso ser.
Mesmo assim, aquela sensação de abandono total não se desprendia…
Pensava:”Tomara que algo maravilhoso acontecesse e não tivesse de ser eu a revolucionar o mundo, era muito melhor que ele se revolucionasse sozinho, a seu cargo, à sua única responsabilidade.”
Sabia: “ Não irá acontecer, nunca acontece, e como tudo na vida tudo sairá de nós para a nós voltar.”
Mas aquela sensação de abandono total não se desprendia…
Poderia: “Fazer o que me apetecesse, poderia agir como se vivesse sozinha neste mundo, enfim, poderia fingir que não existirá mais o amanha. Só hoje e só o que de hoje conta interessa.”
Mas aquela sensação de abandono total não se desprendia…
Nem na apreciação das pequenas grandes coisas, nas maravilhas da vida, em nada, não se desprendia…
Nem no aconchego do seu mundo, nada.
Nesse dia sentia-se como uma criança rota e perdida por entre ruas estreitas de prédios altos, por entre carros fumarentos e ruas porcas num dia de ventania.
Nada feito, aquela sensação de abandono total não se desprendia…

quarta-feira, agosto 29, 2007

Cliquot (beirut) - paris 2007

sabe bem ouvir...

2ª Semana sem fumar



Já passou mais a ansiedade declarada que senti na semana passada.
Ando com estados de humor estranhos, mas sinceramente não me parece que seja por ter deixado de fumar. Tudo à minha volta me faz sentir assim, cheia de incertezas, estou como o tempo, a entrar num qualquer Outono, de tons pastel esbatidos, de melancolias soltas, de sentimentos que não se sabem explicar.

Só ainda persiste um sentimento de perda estranho de explicar, como se tivesse perdido algo importante, algo que explicasse parte de mim. Às vezes fico sem saber que fazer, deixar de fumar é como que criar um "handicap" social, é como se eu agora tivesse de voltar a formatar-me, existe um novo código de conduta para mim.
Tenho conseguido moderar a alimentação, e não tão regularmente como gostava, tenho feito umas caminhadas. Não é fácil conjugar rotinas por aqui, criar hábitos, seguir linhas.
Um dia porque o transito isto, no outro dia porque aquilo. Também não estou sozinha e tenho de contar com a vida de outros, a rotina é a falta dela.
E apesar das rotinas serem chatas, elas são extraordinariamente necessárias, porque só tendo rotinas é que podemos sair delas.

Às vezes ponho-me a pensar, que aquele cigarro que apaguei a meio no dia 15 de Agosto foi mesmo o último, que jamais voltarei fumar, depois imagino que não posso ser tão radical, quem sabe num dia de festa, e tal. E depois respiro fundo…
Não sei o que me espera, quanto tempo vou conseguir manter-me assim, o certo é que me sinto tão bem! Cheiro bem, o comer sabe bem, respiro bem, poupei uns trocos.
Só bons motivos para continuar.


P.S. Esta semana até o desconsolado café antes do trabalho começou a saber bem. Descobri um novo café aqui ao pé que tem todos os jornais do dia, tipo mostruário, para os clientes acompanharem o café. Afinal, um café sem um cigarro pode realmente saber bem, é só juntar-lhe um bom jornal!


segunda-feira, agosto 27, 2007

Beirut - The flying Club Cup

A ouvir nos próximos tempos...

sexta-feira, agosto 24, 2007

Feira de Agosto

Já lá vai o tempo em que a preparação para a feira de Agosto era quase sagrada. Ele era roupa nova para estrear no dia da Abertura, ele era os almoços de família na rua dos frangos assados, era a recolha pelos avós tios e restantes parente de uma “esmolinha” para andar no canguru.
Um alvoroço do primeiro ao ultimo dia.
O deslumbre que era para mim, quando era criança, o passeio pela rua dos brinquedos. Toda ela em tons de rosa.
Com os anos perdeu-se a maior parte dos rituais. Já não há roupa nova a estrear, já não se pensa na rua dos brinquedos e muito menos no canguru.
Hoje pensamos na rua das tascas, nas ruas de roupa e quinquilharia, a feira hoje é apenas mais um festarola de copos.
No entanto continua a mística, é sempre a Feira de Agosto a encerrar o Verão. Se bem que ainda falta quase um mês para este acabar, a seguir à feira entra-se em Setembro. È o fim das férias, o regresso ás aulas, o acordar de uma vida que estava meio entorpecida pelos dias quentes de verão.
E já anunciaram umas trovoadas para sábado, feira que é feira tem sempre umas trovoadas de Agosto, que vem para fazer abaixar o pó das ruas atafulhadas de gente…





quinta-feira, agosto 23, 2007

Prison Break Season 3 Preview

Ta quase quase ai!
Mal posso esperar...

Um ano de blog

Já vai meio atrasado este post, mas não poderia deixar de assinalar o 1º ano de posts completado no dia 21 deste mês.
Passaram-se umas quantas coisas, agora fiquei meio nostalgica, há um ano atrás tinha acabado de chegar de Berlim com a cabeça a fervilhar de ideias, estava a iniciar o estagio no Centro de Artes do Espectaculo de Portalegre, a curtir as ultimas semanas de Verão entre as piscinas da serra e a praça da republica.
Havia realmente no ar o tal "sense of possibility"!
Já passou um ano, e este ano foi na sua maior parte doloroso, com mudanças bruscas, com muito trabalho, com muitas saudades...
Um ano em que a minha vida ficou suspensa no ar, em que neste preciso momento não a estou vivendo, mas sim sobrevivendo por puro instinto animal que me obriga a respirar involuntáriamente.
Estou ansiosamente há espera pelo ano que ai vem...

No dia em que iniciei este blog não pensei que ele podesse ter este efeito terapeutico em mim, é quase como que um balsamo, não sei quem me lê, não sei na maior parte das vezes o que as pessoas pensam daquilo que por aqui vai aparecendo escrito, mas é boa a sensação de que algures no mundo alguem aprendeu alguma coisa comigo, de que alguém se identificou com o que penso.
È bom abrir a blog e clicar em Agosto de 2006 e ver o que eu andava a pensar.
Afinal, e por caminhos mais ou menos tortos, a quente ou a frio, o tal mapa, o mapa de cheiros, o mapa de qualquer coisa que se passa dentro de mim vai-se materializando aqui.

Ainda faltam muitos caminhos nesse mapa, mas o tempo os desenhará...

Andrew Bird - Imitosis

Novo video!

quarta-feira, agosto 22, 2007

1ª semana sem fumar...

Parece que me falta qualquer coisa, não sei bem que é, se do fumo a entrar e a sair de mim, de manter as mãos ocupadas, se é a falta de desculpa para as pausas no trabalho, não sei, sinto falta...

No entanto também me sinto bem. Sinto-me limpa, mais liberta.
So de vez enquando é que bate assim uma duvida, parece que um daqueles diabinhos me diz algo ao ouvido e dá-me uma vontade de fumar... Mas passa, ai penso em todas as coisas más e passa.
Dificil é esquecer o mar de sensações, as boas. Porque as más a gente esquece-se depressa.
Acho que a 1ª semana correu bastante bem!

segunda-feira, agosto 20, 2007

Impressões do sul...

Iniciou-se com uma belíssima viagem de comboio rumo ao sul. È impressionante quanto mais nos afastamos de Lisboa mais vazio vai ficando o horizonte, chega a pontos em que o único sinal de civilização são aqueles carris pelos quais o comboio desliza.
Depois chega-se ao tão esperado Algarve.
Não me seduz muito nunca o fez. Há qualquer coisa, uma emergência no ar, um não sei o que de artificial nas paisagens, uma obrigação de se estar em férias, um nervosismo eminente, não sei, faz-me sempre sentir deslocada.
Depois todo aquele casario nascido como que cogumelos pelas encostas, cada uma mais pensada que a outra, mais imponente, mais completa e no entanto no seu conjunto não jogam umas com as outras, parece simplesmente que uma rabanada de vento passou e semeou aqui e ali sementes diferentes e nasceram resorts, moradias, apartamentos, albergues de 5ª misturados com hotéis de 1ª, uma mistura aflitiva.
Depois é tudo estupidamente caro, da mais simples garrafa de água, passando pelo comer e pelas necessidades mais simples do dia-a-dia. De repente parece que ao chegar-se a Albufeira se passou uma fronteira e estamos noutro pais, e neste país vivesse bem!
As praias são boas, mas por mais que me esforce não consigo achar piada em partilhar o meu dia de praia com uma multidão de estranhos que aproveitam a sombra do meu chapéu de tão próximo que estenderam as suas toalhas.
È demasiada tradução em inglês espalhada pelas ruas, demasiada vontade de agradar aos turistas querendo ser como eles, trazendo a casa deles, a comida deles, tudo deles para as praias de Portugal. Um inglês que passe as férias em Albufeira sentir-se-á completamente em casa. Mas não leva de Portugal nada que seja nosso, nem uma palavra e se não estiver para ai voltado nem um prato de comida tradicional, nada, nem a cerveja, que o que não falta em Albufeira são cafés de Ingleses feitos para ingleses.

Apenas uma única coisa me faz ir até lá abaixo, o parque de campismo de Albufeira é bastante bom e a família gosta de todos os anos dar lá um pequeno saltinho. Só vou mesmo por eles… Que isto de ir de férias para se vir de lá ainda mais cansado! E sem nada de novo…
P.S.No entanto não posso deixar de dizer que apanhei um fim-de-semana maravilhoso e que fiz dois dias de praia excelentes (mesmo com os senhores que chegaram depois de nós, a jogarem ás cartas debaixo da sombra da nossa sombrinha, que culpa tem os senhores do sol ter virado não é!)

sexta-feira, agosto 17, 2007

Albufeira

Quem não tem ferias, aproveita os dois dias de fim-de-semana... sabe a pouco, mas é bem melhor que nada!
E de bonus ainda faço a minha 1ª viagem de comboio até ao algarve!

quinta-feira, agosto 16, 2007

Porquê deixar para Setembro algo que posso começar já?!

Afinal porque deixar para Setembro aquilo que posso começar a fazer já?
Já teve inicio a "missão deixar de fumar".
E segundo os livros por esta altura :"os níveis de monóxido de carbono no organismo já baixaram e os de oxigénio já começaram a aumentar."
Sabe bem pensar nisso.
Mal sabe mesmo é beber café de manhã e não fumar o cigarrinho... vai demorar uns tempos até me esquecer dessa sensação.
Mas não é o fim do mundo garanto!

Manhattan


Isaac Davis: She's 17. I'm 42 and she's 17. I'm older than her father, can you believe that? I'm dating a girl, wherein, I can beat up her father
Tracy: Let's fool around, it'll take your mind off it.
Isaac Davis: Hey, how many times a night can you, how, how often can you make love in an evening?
Tracy: Well, a lot.
Isaac Davis: Yeah! I can tell, a lot. That's, well, a lot is my favorite number.

__________

[On her ex-husband]

Mary Wilke: I was tired of submerging my identity to a very brilliant, dominating man. He's a genius.
Isaac Davis: Oh really, he was a genius, Helen's a genius and Dennis is a genius. You know a lot of geniuses, y'know. You should meet some stupid people once in a while, y'know, you could learn something.
__________

Isaac Davis: It's an interesting group of people, your friends are.
Mary Wilke: I know.
Isaac Davis: Like the cast of a Fellini movie.

__________

Pequenas grandes histórias que se desenrolam num mundo a preto&branco.
Ruas movimentadas, pessoas complexas, vidas pouco normalizadas, relações esquisitas e desequilibradas, personagens quase esquizofrénicas na sua maneira de encarar o amor.
Tudo, em grandes trocas de palavras, em diálogos deliciosos, em que Woody Allen faz de si mesmo e não nos cansa, onde Meryl Streep dá o ar da sua graça e onde Diane Keaton é a mulher dos nossos tempos. Informada, culta, impertinente, desagradável, muito ocupada e emocionalmente perdida.
È o estranho mundo das relações entre as pessoas...



terça-feira, agosto 14, 2007

È desta!


Quando iniciei o blog, um dos primeiros posts foi sobre a minha vontade de deixar de fumar, ou melhor, sobre a hipotética vontade de deixar de fumar que nunca se concretiza.
Já passou quase um ano, e nada. Continuo a fumar como sempre. Mas a verdade é que cada vez esse facto me chateia mais.
Chateia-me o cheiro na roupa, no cabelo e em tudo o que seja objecto meu.
Chateia-me acordar de manha, a seguir a uma noite mais regada e sentir todo aquele mal-estar, aquela dificuldade em inspirar uma boa baforada de ar fresco, e principalmente o celebre sabor a “papeis de musica” na boca que tem o dom de se prolongar durante todo o dia, não importa quantas vezes se lava os dentes ou qual a quantidade de elixir que se gasta.
Chateia-me a notória perda de capacidade física, nada de grave por enquanto, sou jovem, mas chateia-me o cansaço ao fim das escadas, o coração acelerado após uma corrida e a pouca vontade que dá de me mexer quando penso nisso.
Chateia-me pensar que daqui a uns anos posso sofrer de várias doenças, e que daqui a uns anos posso não estar a pensar deixar de fumar porque me decidi, mas ter de tomar essa decisão porque é a única que me pode salvar.
Não vou iniciar nenhum discurso antitabagista fanático, nem vou falar das 4000 substâncias cancerígenas e por ai fora. Nem se conseguir deixar de fumar vou-me juntar ao clube da malta que recrimina quem fuma.
Comecei a fumar nem sei bem porque, mas sei que fumei estes anos todos porque gosto, porque me dá prazer, porque me ajuda a passar os tempos mortos, porque é uma óptima muleta para as conversas de café, porque sim.
Já nem faço contas ao dinheiro que se gasta, e nem a tantas coisas que não comprei porque gastei o dinheiro neste vício.
O que me preocupa é mesmo a minha saúde, e a sensação de que não estou a fazer o melhor para preserva-la.
Nos últimos tempos tenho recolhido o máximo de informação possível sobre o assunto, sobre os malefícios do tabaco, sobre quais os melhores métodos para deixar de fumar e coisas afins.
E pelo menos neste momento estou bastante entusiasmada.
Já fui falar com uma farmacêutica, já estou ciente do que existe no mercado ao meu dispor para me ajudar a controlar a ansiedade, já percebi que para alem do combate ao tabaco terei de fazer um outro combate ainda mais feroz que será a tendência a aumentar de peso.
Mas o plano já está delineado.
- Início de uma actividade física, ginásio, piscinas, caminhada, não interessa, desde que me mexa.
- Dieta controlada e rigorosa;
- Nada de substitutos de nicotina, apenas muitos chás naturais controladores de ansiedade;
- E muita força de vontade!

Estou motivada e informada, só falta mesmo marcar o dia, que será no inicio de Setembro, logo após o fim das festas e afins motivadas pelo mês de Agosto.

Este post é o primeiro passo para esta mentalização e para o reforço da minha vontade.
Estou a abrir a minha opção ao mundo, agora, é só não me deixar ficar mal a mim mesma, e iniciar a nova etapa na minha vida, a de ex-fumadora.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Film Noir


O miminho de verão...

quinta-feira, agosto 09, 2007

"Clarissa Vaughn: When I'm with him I feel... Yes, I am living. And when I'm not with him... Yes, everything does seem sort of silly."

"The Hours"
Stephen Daldry

terça-feira, agosto 07, 2007

DEATH PROOF


Será que posso dizer que o filme tem algumas coisas tão más e que por isso é tão bom?
Fartei-me de saltar na cadeira, fartei-me de vibrar a cada “arrancada” do motor, fartei-me de rir com os pormenores.
Acho que mesmo que não soubesse quem era o realizador, atiraria o nome de Tarantino ao calhas e acertaria, porque está a marca dele em cada diálogo, em cada plano, em cada pequena coisa.
Este filme foi sem dúvida uma enorme descarga de adrenalina…

p.s: Gostei mesmo da banda sonora do filme, acho que mais indicada era impossivel!

Pequenos pormenores:

Uma das meninas no bar pede um gim tónico, Bombay Sapphire , pedido usual da malta para os lados de Portalegre no nobre estabelecimento que é o Príncipe Real;
Depois o senhor Stuntman Mike, lava o ferimento de bala com uma garrafa de Four Roses, muito apreciado por mim...

Onde o divertimento começa...

Stuntman Mike: Well, Pam... Which way you going, left or right?

Pam: Right!

Stuntman Mike: Oh, that's too bad...

Pam: Why?

Stuntman Mike: Because it was a fifty fifty shot on wheter you'd be going left or right. You see we're both going left. You could have just as easily been going left, too. And if that was the case... It would have been a while before you started getting scared. But since you're going the other way, I'm afraid you're gonna have to start getting scared... immediately!

________________________________________________

Stuntman Mike: [as he drives] Hey, Pam, remember when I said this car was death proof? Well, that wasn't a lie. This car is 100% death proof. Only to get the benefit of it, honey, you REALLY need to be sitting in my seat. [slams his boot to the brake and sends Pam flying face-first into the dashboard]

segunda-feira, agosto 06, 2007

O Herói

(Reflexão que estava perdida numa das pastas do computador. È o resultado de um longo Inverno a ver séries pela noite dentro e de algumas aulas do Curso de Escrita Criativa que versavam sobre isto mesmo, "O Herói".)
Hoje em dia o “Herói”, ou o “protagonista” deixou de ser o melhor de todos, o mais justo de todos, o mais eticamente correcto de todos, hoje o herói é por vezes alguém que nos chateia, alguém com quem nós não gostaríamos de conviver, mas no entanto a sua história apresenta-se como tocante aos nossos corações, os seus actos como aceitáveis aos nossos olhos, enfim, o herói contemporâneo não é mais um ser divinizado, nem escolhido, nem superior. O herói de hoje é simplesmente uma “pessoa normal exposta sob situações de grande pressão.”
Isso explicará talvez certas atitudes das “nossas” personagens principais. Num destes fins-de-semana estava a ver o CSI Miami, a história vinha entrelaçada de outros episódios e eis que, o sempre enigmático Horatio Cane, acaba por matar um assassino que já perseguia há algum tempo. Este havia lhe matado a mulher e acabara de matar o irmão de Cane. O assassino havia sido libertado pelas autoridades norte-americanas em troca de informações, estavam agora no Brasil.
No entanto, a personagem de Cane personifica a lei, a justiça. E não é suposto encontrarmos nela tal instinto de vingança, fria, calculista, brutal. Mas para nós espectadores esta é uma atitude aceitável, o nosso protagonista é humano, sente, e reage como um humano e todos os instintos que lhe são adjacentes.
Fiquei então apreensiva, apesar de compreensível não é moralmente correcto. No entanto esta e outras personagens continuam a empolgar-me episódio após episódio.
Jack Bauer da Série 24, o completo herói dos pés à cabeça, sempre a lutar no fio da navalha, sempre a escapar por um triz, sempre a salvar o mundo no ultimo minuto. Somos por isso seus fãs incondicionais, mas a verdade é que Bauer deixa sempre um rasto de destruição, e já o vi tomar as decisões mais difíceis, mais humanamente impossíveis. Jack Bauer já matou uns quantos terroristas sem razão. Mas a maior das falhas talvez tenha sido a morte de Nina Myers, em Self-defence? Não pura vingança.
No entanto não consigo deixar de simpatizar com a personagem.
No Prison-Break quem não simpatiza com os irmãos? Mesmo avaliando os estragos que o menino Michael Scofield já provocou com o seu plano mirabolante? Afinal os fins justificam os meios?
A minha reflexão de fim-de-semana passou por estas e outras questões relacionadas com os protagonistas das séries que vejo em doses industriais, ou dos filmes que já vi.
A mim parece-me que o “Herói” está a mudar de cara, talvez ele seja hoje um reflexo mais claro, mais lúcido dos defeitos e das falhas dos seres humanos.
No entanto, o que me parece mais impressionante é a facilidade com que encaramos os seus actos, será porque é apenas ficção, ou temos todos “brandos costumes”?
Afinal onde fica a ténue linha que divide o bem do mal?
E até que ponto as acções serão justificáveis?
Afinal os heróis de hoje são apenas “pessoas normais expostas sob situações de grande pressão.”
Ou seja qualquer um de nós poderá vir a ser um herói.
Pelo menos, num qualquer suporte de vídeo.

A reflexão que se impõe, parece-me, é que sendo o cinema ou a televisão de algum modo o “espelho” da nossa realidade, uma produção artística criada à imagem do Homem e das suas sociedades, ela reflecte hoje melhor aquilo que somos?
Reflectiu durante muito tempo apenas a parte idealizada, ou simplesmente a sociedade evoluiu até aqui e isso levou também a esta evolução, a esta nova imagem de Herói?

quinta-feira, agosto 02, 2007

Um Même

(desafio feito por M em 27 de Junho, mas que só agora é que eu vi... Por vezes parece mesmo que não vivo neste mundo:)
Acredito nas coisas simples. Simples de fazer, simples de sentir, simples de viver.
Acredito num banho gelado de mar seguido pelo aconchego quente da toalha, acredito no prazer de um abraço na solidão da noite, numa palavra boa nas horas más.

Acredito numa hora de descanso depois de um dia de trabalho, num sítio bonito de vistas largas, num livro pousado sobre o colo, num copo de café quente e reconfortante ao lado.

Acredito numa mesa rodeada de gente, entre minis e tremoços, entre gargalhadas e coisas sérias, acredito que existem amigos para a vida.

Acredito em coisas boas, penso em coisas boas, sinto coisas boas. Acredito que coisas boas podem surgir dai.

Acredito no amor, em duas almas que se juntam, em dois corpos que se abraçam, e em duas mentes que se confrontam na tentativa de chegar a um sítio, porque o amor não é pacífico, nem calmo, nem linear. È sempre uma convulsão, é um mundo em constante mudança, é uma “criança”em constante evolução.

Acredito nos Homens, acredito que ainda vamos a tempo de mudar.
Acredito que há Homens maus, mas acredito muito mais na existência de Homens bons.
Acredito na Humanidade da nossa espécie.

E acredito que a minha gata Mia sabe quem sou, acredito que sente saudades minhas, acredito que acreditar nestas pequenas coisas me fazem sentir por breves momentos mais feliz…


#45.3 - Andrew Bird - Spare-Oh
lablogotheque
Não resisti...
Este video do Mr. Andrew Bird a passear cantando pelas ruas de Paris é absolutamente delicioso...

Start a war


#40.3 - The National - Start a war
lablogotheque

Dia 5 de Agosto festival Sudoeste

Curso de Escrita Criativa

Acabou ontem o ciclo de seis meses que durou este curso.
Muitas vezes fui sem grande vontade, custa sair do trabalho e ainda ir ter aulas. Custa despender do nosso tempo, da nossa vontade, das nossas horas de sono, mas no final valeu a pena.
Valeu a pena todas as horas em que me arrastei, primeiro até ao cais do Sodré, e depois até ao Miradouro da Graça.
Valeu a pena todas as trocas de experiências, todas as frases trocadas, todas as referências, toda a exposição do nosso trabalho, toda a convivência que existiu, principalmente entre os cinco resistentes até ao final desta jornada.
Passaram alguns professores pela nossa sala, várias temáticas, várias técnicas e todos estes elementos de um modo ou de outro contribuíram para que cada dia fosse uma descoberta.
De certo que não sairei deste curso a ser uma brilhante escritora, seja ela qual for a área, provavelmente nunca o serei, nem aspiro a isso. Mas saí deste curso a compreender melhor as coisas que leio, a ser mais interessada por mundos que desconhecia, a ter mais referências de livros, de filmes e de uma série de outras coisas, que sozinha não teria chegado lá.

Agora fiquei um bocadinho desamparada, ontem sentei-me no degrau da porta ao lado da academia, como sempre fiz, com o copo de café ao lado e fiquei a contemplar o rio lá em baixo ao fim da rua. Deu-me uma nostalgia, uma pena de ter chegado ao fim…

Vou ter saudades da Graça, vou ter saudades das aulas, vou ter saudades dos meus colegas e das grandes conversas por e-mail que temos tido ultimamente.
Vou simplesmente ter saudades.
Hoje á noite faremos o jantar de despedida, na Graça a portas meias com a escola!
E fecha-se a etapa*

1 de Agosto de 2007

Já passaram uns quanto dias “uns” este ano.
O dia um de Janeiro, no rescaldo da grande festa de passagem de ano em Arronches. O dia um de Fevereiro, menos bom, com o frio de Inverno no auge, e o meu coração gelado também. Dia um de Março, pronta para se iniciar a nova etapa que foi o curso de escrita criativa. O dia um de Abril, dia das mentiras com a Primavera já iniciada e um cheirinho a flores novas pelas ruas.
O dia um de Maio, que veio no meio da excitação da viagem de barco pelo mediterrâneo, o dia um de Junho, com o Verão á porta e muita chuva pelo meio.
Depois o dia 1 de Julho, ansiosa pelo Festival de Sines, pelas tardes de praia que acabaram por não vir devido ao tempo que não chegou e ao “mau tempo” que nos acompanhou todo o mês.
Oito dias “uns” já leva este ano de 2007.
O tempo passa depressa quando olhamos para trás desta maneira, quando colocamos por ordem os dias, quando lhe damos tempos e durações, parece que foi tudo tão fácil, que não custou nada.
O tempo simplesmente passou.
Este dia um de Agosto está agradável. È um daqueles dias de Verão lindos para passear. Nuvens baças no céu a ameaçar uma chuvada de Verão que deixam passar apenas os raios de sol suficientes para que não esteja frio. Aquela brisa suave e fresca que convida a longas caminhadas, e como é início de Agosto parece que qualquer coisa se quebrou na rotina diária, mesmo nós, aqueles que não estamos de férias paremos ter abrandado o passo… Porque é natural e intrínseco, o mês de Agosto é de férias, de praia, de família, de regressos e noites longas pelas aldeias perdidas de Portugal.
Este mês nasce também sob o signo daquele “Sense of possibility”. Mudanças se aproximam.
Pelo menos á minha volta muita gente se prepara para dar grandes passos, fazer mudanças e iniciar novas etapas.
Para mim este mês inicia-se com esta grande esperança de que o próximo dia 1 seja o ultimo que passe por estas bandas. Estou a fazer “figas”, promessas, preces, tudo o que seja possível.
Que venham mudanças também para mim… Mudanças boas.

*Texto escrito ontem mas não havia internet por estes lados...

SINES II

Ainda me doem as perninhas de tanto subir e descer encostas!
Mas foi bom, muito bom. Não deu para descansar grande coisa, é impossível dormir numa tenda depois das nove da manha, e era-nos impossível ir dormir antes das cinco, por isso a media de sono foi fraca, mas a media da diversão compensou.
O tempo deu também para uns mergulhos gelados, tanto na Praia de São Torpes, como na baia de Sines, e quando digo mergulhos gelados é mesmo literal, geladíssimos… E mesmo por isso muito bons, revigorantes e saudáveis!
As noites, já estavam escritas. Castelo, concertos, o café ao lado do castelo, e a mítica passadeira na avenida da praia, ponto de encontro e a embaixada de Portalegre.
Deu para dançar, pular, saltar, e para mim, que sou uma desajeitada deu também para as quedas que me deixaram algumas “mazelas de guerra”, não tenho jeito nenhum, o que me vale é mesmo esta grande estrelinha que me guarda e que me ampara nas quedas!
Tivemos sorte também com o fim-de-semana, que foi talvez o primeiro fim-de-semana de Verão a sério que houve este ano.
O Festival correu da melhor maneira, bom ambiente, sem stresses nem confusões, com muita gente diferente, com estilos diferentes e vida distintas, mas todos com muita vontade de ali estar.
Sines está de parabéns, pela forma como nos recebe, pela maneira como se prepara e pelos dias bem passados que nos proporciona.
Só aquela história de terem feito uma porta na Muralha do castelo á pressão é que não lhes ficou muito bem, mas que a mesma deu muito jeito, lá isso deu!

Esperamos que para o ano haja mais…
Mas que não haja mais gente, Sines e o Festival não tem capacidade para mais…