terça-feira, outubro 24, 2006

Smoke



"Brooklyn, Nova York, verão de 1987.
Auggie Wren, o dono de uma tabacaria, dedica-se a elaborar uma coleção de fotografias peculiar: todos os dias, à mesma hora, tira uma foto do cruzamento de ruas na frente da sua casa. A história rocambolesca de como conseguiu a sua câmara fotográfica e por que se vem dedicando a esse hobby curioso há quatorze anos servirá de argumento a Paul Benjamin, um romancista de prestígio em crise criativa. Paul, por sua vez, ajudará Rashid, um adolescente negro um tanto perdido, a procurar o pai, que é Cyrus, um modesto mecânico que tenta recomeçar a vida. O circuito fecha-se quando estes contactos humanos retornam ao próprio Auggie, obrigando-o a reassumir a sua responsabilidade esquecida em relação a Ruby, uma antiga namorada com a qual teve uma filha, que agora já é adolescente e passa por um momento muito difícil."


"Auggie Wren: If you can't share your secrets with your friends then what kind of friend are you?
Paul Benjamin: Exactly... life just wouldn't be worth living. "


Está Paul Auster escrito em todos os frames deste filme. Na esquina escolhida, nos traços de personalidade das personagens, nas pequenas históricas rocambolescas que acompanham cada uma. Desde a pequena história verdadeira ou imaginada por Auggie sobre a sua primeira e única maquina fotográfica ao fim trágico da inspiração do novelista. A filha que aparece do nada, as caixas de charutos que ficam molhadas, o destino do dinheiro perdido pelos ladrões, o filho que foge dos ladrões e procura o pai ausente há vários anos. São quase todos temas recorrentes nos livros de Paul Auster, principalmente este de procurar pequenos pormenores da vivência das pessoas daquele sitio que lhe é tão querido Brooklyn.
Fiquei-me até às quatro da manha a vê-lo (isto de ver filmes na televisão têm que se lhe diga), fui ficando. Porque o filme à sua maneira é muito bonito, sem muitos sobressaltos, nem suspense, nem acção, nem sequer romance. O filme é apenas uma história feita de outras pequenas histórias que discorre em forma de imagens, como pequenas fotografias da vida diária das pessoas. Tudo isto numa esquina, que tem uma tabacaria, onde se juntam os fumadores e se conversa sobre o mundo, e o mundo pode ser vasto, ou pode ser só o mundo daquela rua.
Sempre de cigarro, sempre por entre o fumo…
Smoke é sem dúvida um excelente filme para se ir ficando, vendo, apreciando enquanto nos aconchegamos do frio que vem da rua e ouvimos chover.



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