(Reflexão que estava perdida numa das pastas do computador. È o resultado de um longo Inverno a ver séries pela noite dentro e de algumas aulas do Curso de Escrita Criativa que versavam sobre isto mesmo, "O Herói".)
Hoje em dia o “Herói”, ou o “protagonista” deixou de ser o melhor de todos, o mais justo de todos, o mais eticamente correcto de todos, hoje o herói é por vezes alguém que nos chateia, alguém com quem nós não gostaríamos de conviver, mas no entanto a sua história apresenta-se como tocante aos nossos corações, os seus actos como aceitáveis aos nossos olhos, enfim, o herói contemporâneo não é mais um ser divinizado, nem escolhido, nem superior. O herói de hoje é simplesmente uma “pessoa normal exposta sob situações de grande pressão.”
Isso explicará talvez certas atitudes das “nossas” personagens principais. Num destes fins-de-semana estava a ver o CSI Miami, a história vinha entrelaçada de outros episódios e eis que, o sempre enigmático Horatio Cane, acaba por matar um assassino que já perseguia há algum tempo. Este havia lhe matado a mulher e acabara de matar o irmão de Cane. O assassino havia sido libertado pelas autoridades norte-americanas em troca de informações, estavam agora no Brasil.
No entanto, a personagem de Cane personifica a lei, a justiça. E não é suposto encontrarmos nela tal instinto de vingança, fria, calculista, brutal. Mas para nós espectadores esta é uma atitude aceitável, o nosso protagonista é humano, sente, e reage como um humano e todos os instintos que lhe são adjacentes.
Fiquei então apreensiva, apesar de compreensível não é moralmente correcto. No entanto esta e outras personagens continuam a empolgar-me episódio após episódio.
Jack Bauer da Série 24, o completo herói dos pés à cabeça, sempre a lutar no fio da navalha, sempre a escapar por um triz, sempre a salvar o mundo no ultimo minuto. Somos por isso seus fãs incondicionais, mas a verdade é que Bauer deixa sempre um rasto de destruição, e já o vi tomar as decisões mais difíceis, mais humanamente impossíveis. Jack Bauer já matou uns quantos terroristas sem razão. Mas a maior das falhas talvez tenha sido a morte de Nina Myers, em Self-defence? Não pura vingança.
No entanto não consigo deixar de simpatizar com a personagem.
No Prison-Break quem não simpatiza com os irmãos? Mesmo avaliando os estragos que o menino Michael Scofield já provocou com o seu plano mirabolante? Afinal os fins justificam os meios?
A minha reflexão de fim-de-semana passou por estas e outras questões relacionadas com os protagonistas das séries que vejo em doses industriais, ou dos filmes que já vi.
A mim parece-me que o “Herói” está a mudar de cara, talvez ele seja hoje um reflexo mais claro, mais lúcido dos defeitos e das falhas dos seres humanos.
No entanto, o que me parece mais impressionante é a facilidade com que encaramos os seus actos, será porque é apenas ficção, ou temos todos “brandos costumes”?
Afinal onde fica a ténue linha que divide o bem do mal?
E até que ponto as acções serão justificáveis?
Afinal os heróis de hoje são apenas “pessoas normais expostas sob situações de grande pressão.”
Ou seja qualquer um de nós poderá vir a ser um herói.
Pelo menos, num qualquer suporte de vídeo.
A reflexão que se impõe, parece-me, é que sendo o cinema ou a televisão de algum modo o “espelho” da nossa realidade, uma produção artística criada à imagem do Homem e das suas sociedades, ela reflecte hoje melhor aquilo que somos?
Reflectiu durante muito tempo apenas a parte idealizada, ou simplesmente a sociedade evoluiu até aqui e isso levou também a esta evolução, a esta nova imagem de Herói?
Isso explicará talvez certas atitudes das “nossas” personagens principais. Num destes fins-de-semana estava a ver o CSI Miami, a história vinha entrelaçada de outros episódios e eis que, o sempre enigmático Horatio Cane, acaba por matar um assassino que já perseguia há algum tempo. Este havia lhe matado a mulher e acabara de matar o irmão de Cane. O assassino havia sido libertado pelas autoridades norte-americanas em troca de informações, estavam agora no Brasil.
No entanto, a personagem de Cane personifica a lei, a justiça. E não é suposto encontrarmos nela tal instinto de vingança, fria, calculista, brutal. Mas para nós espectadores esta é uma atitude aceitável, o nosso protagonista é humano, sente, e reage como um humano e todos os instintos que lhe são adjacentes.
Fiquei então apreensiva, apesar de compreensível não é moralmente correcto. No entanto esta e outras personagens continuam a empolgar-me episódio após episódio.
Jack Bauer da Série 24, o completo herói dos pés à cabeça, sempre a lutar no fio da navalha, sempre a escapar por um triz, sempre a salvar o mundo no ultimo minuto. Somos por isso seus fãs incondicionais, mas a verdade é que Bauer deixa sempre um rasto de destruição, e já o vi tomar as decisões mais difíceis, mais humanamente impossíveis. Jack Bauer já matou uns quantos terroristas sem razão. Mas a maior das falhas talvez tenha sido a morte de Nina Myers, em Self-defence? Não pura vingança.
No entanto não consigo deixar de simpatizar com a personagem.
No Prison-Break quem não simpatiza com os irmãos? Mesmo avaliando os estragos que o menino Michael Scofield já provocou com o seu plano mirabolante? Afinal os fins justificam os meios?
A minha reflexão de fim-de-semana passou por estas e outras questões relacionadas com os protagonistas das séries que vejo em doses industriais, ou dos filmes que já vi.
A mim parece-me que o “Herói” está a mudar de cara, talvez ele seja hoje um reflexo mais claro, mais lúcido dos defeitos e das falhas dos seres humanos.
No entanto, o que me parece mais impressionante é a facilidade com que encaramos os seus actos, será porque é apenas ficção, ou temos todos “brandos costumes”?
Afinal onde fica a ténue linha que divide o bem do mal?
E até que ponto as acções serão justificáveis?
Afinal os heróis de hoje são apenas “pessoas normais expostas sob situações de grande pressão.”
Ou seja qualquer um de nós poderá vir a ser um herói.
Pelo menos, num qualquer suporte de vídeo.
A reflexão que se impõe, parece-me, é que sendo o cinema ou a televisão de algum modo o “espelho” da nossa realidade, uma produção artística criada à imagem do Homem e das suas sociedades, ela reflecte hoje melhor aquilo que somos?
Reflectiu durante muito tempo apenas a parte idealizada, ou simplesmente a sociedade evoluiu até aqui e isso levou também a esta evolução, a esta nova imagem de Herói?
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