sexta-feira, dezembro 07, 2007

Hoje telefonou-me uma velha amiga. Amiga, daquelas de longas conversas, de segredos e risadas. Tantas viagens feitas em conjunto rumo a Portalegre, tantos cigarrinhos do desespero de domingo pós-fim-de-semana sem fumar na casa dos pais, tantos sonhos falados.
E o tempo passou quase sem se dar por isso. No entanto somos as mesmas, cheias de outras cores acho eu. De novas manias e de coisas para contar.
De ritmos trocados, de invenções novas e rotinas maradas. De pessoas que entram e saem nas nossas vidas e a outra já não conhece. De tantas coisas misturadas na essência original.
Falar com alguém que estimamos e não contactamos há muito tempo faz disto, traça uma linha de tempo à nossa volta, deixa a descoberto todas as nossas vitórias, torna real todos os nossos fracassos.
Soube bem. Soube bem ouvir lá do outro lado a mesma voz, sentir a mesma empatia, ter a certeza que daqui a dez minutos ou daqui a dez anos será igual.

Nunca fui boa a manter contactos. Não porque não goste dos meus amigos, mas é simples perder-se, um telefonema que não se faz porque não há dinheiro, um ano em que nos esquecemos da mensagem de natal. Outra vez que o café é adiado porque surgiu qualquer coisa de inesperado e assim o tempo passa, e as pessoas ficam difusas perdidas lá atrás.
Tantas amigas do secundário que não vejo há quatro ou cinco anos. Como se houvesse um vácuo na minha vida, um fosso e de lá para cá fosse outra dimensão.
O tempo passa e vamos deixando de olhar para trás.
Depois também nunca fui boa em relações humanas. Sempre desajeitada, na maior parte das vezes desconfortável perante as pessoas, sem conseguir descortinar o que quer que seja. Não deve ser fácil conhecer-me. Conheço pessoas há anos com as quais só agora me sinto”enturmada”, conheço tantas outras com as quais nunca me vou conseguir “enturmar”.
Empatia e afinidade com os outros não são muito naturais em mim.
Talvez esta minha cabeça, eu sempre tão perdida dentro dela, eu sempre a tentar encontrar respostas para as minhas perguntas tolas, sempre a tentar explicar-me em vão, talvez perca demasiado tempo comigo… Dentro deste mundo paralelo em constante criação…






P.S. Foi bom ouvir-te amiga e sentir que estás bem…

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