Não é esta a essência da história, mas explica em boa parte a pessoa em que se torna a nossa personagem. A aura de mistério que o rodeia.
Porque o livro é ríspido, por vezes lascivo no uso das palavras, por vezes violento na maneira como expõe as situações.
É um livro que navega constantemente entre um passado já tão distante e um tempo nosso conhecido, cheio de personagens familiares num ambiente social marcado pelo escândalo sexual de Bill Clinton enquanto morador da Casa Branca.
Philip Root escreve sobre feridas antigas e que, no entanto, já na recta final do século X, continuavam bem vivas na memória dos americanos. A segregação racial e toda a luta necessária até se chegar à igualdade de direitos, um pouco mais tarde, a guerra do Vietname e os seus sobreviventes mutilados interiormente pelos horrores vividos.
Dentro desse clima, das novas directrizes morais da época, surge o romance entre Coleman e Faunia.
Ele já septuagenário e ela uma jovem mulher de 35 anos. As suas vidas confluem nesse romance quase proibido mas capaz de trazer um sopro de vida a um velho desolado e alguma afectividade a uma mulher marcada pela vida.
Mas ninguém em Athena está preparado para o deboche que é a felicidade de ambos.
A Mancha Humana expõe-nos a isso, aos sentimentos mesquinhos de todos, e aos das nossas personagens também.
Mas de muito mais trata este livro. De amizade, de relações familiares, de escolhas e erros que se cometem ao longo da vida, de como uma única palavra fora de contexto pode destruir a carreira de um homem brilhante e de como esse homem para ser brilhante optou por renegar as suas raízes negras e viver toda a vida como se tivesse nascido branco.
É um grande romance.
*Levou tempo a ler que estes são tempos difíceis, mas adorei o livro e o filme continua lá em casa preparado para meter no DVD. Talvez amanha, que hoje é dia de ir à sala de Cinema. Filme
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