De volta ao Film-Noir

In a Lonely Place (1950)

Talvez seja a fotografia a preto e branco ou os planos longos e demorados. Ou os olhares lânguidos dos actores enquanto vestem as suas personagens, quase sempre excêntricas e atormentadas por um mistério, um pecado passado que não chegamos a conhecer porque não sabemos de onde vêm, e raramente conseguimos perceber para onde vão depois do momento trágico que as atravessa. Talvez seja isso tudo e o argumento, que por vezes é tão simples que nos custa a compreender. Como se pode construir tanta tensão em volta de um enredo tão claro? Mas o resultado de todos estes elementos é uma sublime manipulação de emoções através da tensão criada entre as personagens e a empatia que sentimos por elas, mesmo que elas sejam pessoas reprováveis. E nisso o Cinema Noir enquanto estilo foi sublime.
In a Lonely Place é mais um noir de enredo simples que trabalha a dúvida enquanto factor de instabilidade nas relações humanas. Uma única dúvida que minará a confiança entre as personagens e acabará num fim trágico. Humphrey Bogard e Gloria Grahame dirigidos pelo não menos memorável Nicolas Ray.