segunda-feira, agosto 16, 2010

Fumadora na reserva há três anos

Ninguém disse que ia ser fácil e no entanto até foi.
Difícil não é deixar de fumar é o depois. É estar na zona de conforto e achar que já se pode experimentar, que um não faz mal a ninguém. Difícil é manter-se lúcido em relação a esta opção de deixar de ser um fumador activo, do dia-a-dia, de isqueiro e tabaco na mala.

Há três anos atrás, quando tomei a decisão de deixar de fumar, não achei que poderia modificar tanto a minha vida e os meus hábitos. Nunca achei que fosse uma maneira de reforçar a minha força de vontade, a minha capacidade de sacrifício ou até mesmo a minha auto-estima.

Hoje tenho a certeza que tomei a decisão certa. Mas também tenho a certeza que a linha que separa um fumador "desactivado" de um fumador activo é uma linha ténue, estreita e muito fácil de pisar.

Em três anos nunca tive um momento em que sentisse que corria o risco de voltar a fumar como antes. No entanto, os pequenos prazeres a que me fui permitindo nos últimos meses em noites de copos, provaram-me que é muito difícil negar o prazer, mesmo que este venha acompanhado de um ligeiro sentimento de culpa. Ficou claro que o que só acontecia uma vez por ano, rapidamente passa para uma vez por mês, para depois ser uma vez quando calha.
A capacidade de negar o que nos sabe bem é algo que não nos é natural. Por isso vivemos em esforço, num esforço de consciência constante.
E não só com o tabaco. Em esforço constante em relação ao que se come, ao que se bebe, ao dinheiro que se gasta sem razão aparente.

Difícil não é deixar de fumar. Difícil é viver o resto da vida lembrando o "bom que era e o bem que me ia saber agora".

Por isso, deixar de ter o tabaco como um vicio, é um exercício para a vida, como uma dieta que se deve seguir.
Já lá vão três anos. O balanço é positivo e a "dieta" é para continuar.

1 comentário:

carlos m. disse...

Já senti o "cheiro da terra molhada". Prometo voltar mais vezes e opinar se for caso disso. A citação da Virgínia Woolf é um bom bilhete de entrada...
Carlos