segunda-feira, novembro 29, 2010

Excesso


excesso (eis)

s. m.
1. Diferença para mais; demasia; sobejo.
2. O que ultrapassa o legal, o habitual.
3. Desregramento; desmando.
4. Falta de moderação.
5. Cúmulo; grau elevado.
excesso de zelo: zelo mal entendido que prejudica em vez de ser útil.

O excesso. Como o evitar? Como parar essa carruagem em andamento e ser-se, em tudo na vida, simplesmente moderado, querer e ter apenas o suficiente.

Somos excessivos e quase tudo.
Começamos por comer demais. Engordamos.
Bebemos demais. Sofremos de ressaca no dia a seguir.
Queremos estar ainda mais tempo acordados. Temos dias dolorosos e sonolentos.
Gastamos mais do que podemos. Sofremos a pressão de não saber como pagar as contas.
Trabalhamos demais. Sofremos de stress.
Queremos mais. Sofremos a frustração quando não o conseguimos.
Produzimos lixo de mais. O planeta sofre.
Gastamos demasiada electricidade. Contribuímos para o aquecimento global.

O EXCESSO.

E mais uma vez, as nossas acções são seguidas de consequências. E no entanto, a nossa procura por satisfação não nos permite antever o que já está mais que estabelecido.

É como se uma vez ligado o botão "on" nada nos pudesse parar. Porque "vale sempre o mal que faz pelo bem que sabe".

Chegamos a uma época de excesso por excelência. Uma altura em que se enchem mesas de comer aparatoso, onde se mistura o açúcar com o colesterol. Altura em que se compra só por comprar, porque não podemos deixar de o fazer, porque queremos fazer parte, porque queremos mostrar aos outros o tamanho da nossa estima... altura para se ter um "mary christmas" e uma indigestão seguida de uma grande dor de cabeça na manhã de Natal e recomeçar a farra algumas horas a seguir.

Não poderíamos fazer algo moderado?
Não aprendemos com o ano anterior?
Ouço sempre a minha mãe a dizer que este ano é que vai ser diferente. "Não compro prendas para ninguém." ou "Este ano só se compra o Bolo Rei porque depois andam doces a endurecer lá por casa até aos Reis". Mas não aguenta.
Nunca aguentamos.
Há sempre uma lembrança para dar. O Bolo Rei, o arroz doce, os fritos, a mousse de chocolate, o bolo das rosas e caso alguém ainda tenha fome aparece ainda o pudim de ovos ou umas farófias.
Excessivo?

Como não o ser....





Está frio...

E eu com tantas coisas que fazer.
Tantos textos para ler.
Tantas linhas para escrever.
Tantas ideias para consolidar.
Tantas estratégias para definir.
Uma vida inteira para tomar conta...

E nem sequer consigo sair debaixo do cobertor...
Bloody weather.


sábado, novembro 27, 2010

The National - Hight Violet Expanded edition

É tão bom ganhar um bónus destes. Mais duas músicas novas, lados B e uma nova versão do Terrible Love.

Para ouvir "muitas" vezes nos próximos tempos.

I'm a Woman Of The Ghetto


"How does your heart feel late at night?"

quarta-feira, novembro 24, 2010

Streetcar named Desire (1951)

Blanche DuBois: I don't want realism. I want magic! Yes, yes, magic. I try to give that to people. I do misrepresent things. I don't tell truths. I tell what ought to be truth.

Blanche DuBois: You're married to a madman.
Stella: I wish you'd stop taking it for granted that I'm in something I want to get out of.
Blanche DuBois: What you are talking about is desire - just brutal Desire. The name of that rattle-trap streetcar that bangs through the Quarter, up one old narrow street and down another.
Stella: Haven't you ever ridden on that streetcar?
Blanche DuBois: It brought me here. Where I'm not wanted and where I'm ashamed to be.
Stella: Don't you think your superior attitude is a little out of place?
Blanche DuBois: May I speak plainly?... If you'll forgive me, he's common... He's like an animal. He has an animal's habits. There's even something subhuman about him. Thousands of years have passed him right by, and there he is. Stanley Kowalski, survivor of the Stone Age, bearing the raw meat home from the kill in the jungle. And you - you here waiting for him. Maybe he'll strike you or maybe grunt and kiss you, that's if kisses have been discovered yet. His poker night you call it. This party of apes.
Stanley Kowalski: Take a look at yourself here in a worn-out Mardi Gras outfit, rented for 50 cents from some rag-picker. And with a crazy crown on. Now what kind of a queen do you think you are? Do you know that I've been on to you from the start, and not once did you pull the wool over this boy's eyes? You come in here and you sprinkle the place with powder and you spray perfume and you stick a paper lantern over the light bulb - and, lo and behold, the place has turned to Egypt and you are the Queen of the Nile, sitting on your throne, swilling down my liquor. And do you know what I say? Ha ha! Do you hear me? Ha ha ha!
__________

Em 1951 Vivien Leigh tinha 38 anos e Marlon Brando a energia dos 25 anos. Ela em declínio, ele em ascensão, os dois encontram-se no limbo, numa contracena tensa e voluptuosa. Uma mistura irresistível entre o enorme talento de ambos os autores, da beleza juvenil de Marlon Brando e do rosto maduro e altivo de Vivien Leigh com o belíssimo texto de Tennessee Williams.
Poderia acusar-lo de ser apenas uma encenação teatral que acabou em filme. A acção é confinada a uma pequena série de espaços, há um Overact textual.
Mas às obras que sobrevivem para serem primas tudo se perdoa, e o prazer de ver um filme assim é intemporal.

quarta-feira, novembro 17, 2010

Mais Pormenores na próxima sexta-feira

A 9ª edição está aí e sexta-feira salta para as bancas um pouco por todo o país.

Mais Pormenores em

segunda-feira, novembro 15, 2010

Action means Consequence


Eduquei-me ao longo dos anos para acreditar neste simples pressuposto. As nossas acções reflectem-se em consequências. São relações directas, às vezes imprevisíveis e muitas outras facilmente antecipáveis.

Há momentos em que as nossas acções são planeáveis, e mesmo que surjam de impulsos momentâneos ou de apelos inegáveis, permitem-nos avaliar as consequências e podemos decidir se vale a pena pagar o preço.

Outras acções são inesperadas, fruto do acaso e as suas consequências são imprevisíveis e na maior parte das vezes desproporcionais, nunca acharíamos que valeria pagar o preço, e no entanto é nessas que não temos qualquer tipo de escolha.

Action = Consequence

Por exemplo, vou passar um mês sem conduzir porque em Outubro de 2009 pisei um risco contínuo.
Foi uma acção deslocada, fruto do acaso. Não pensei muito nela enquanto a levava a cabo, simplesmente pisei o continuo com a inocência dos ignorantes.

Desproporcionalmente, por esse momento de inconsciência, vou regredir vários anos na vida e ficar trinta longos dias sem conduzir.

Perante este problema poderia eu decidir que a minha acção valia esta consequência? Não.

Action [<] Consequence

Pisarei eu novamente um contínuo sem olhar para o retrovisor e me certificar de que não vem nenhum carro da policia três carros atrás do meu? Não.


Small action = Big Consequence = Great Lesson



In Teoria do Dia
A.M.


terça-feira, novembro 09, 2010

Brevemente nas bancas.

Scarlet Street (1945)

A Dupla de protagonistas e o realizador de a Woman in the Window (1944) repete-se neste Noir de grande perfeição ao nível do argumento.

'Kitty' March é uma menina mimada, preguiçosa e pouco escrupulosa que é completamente dominada pelo seu violento companheiro.
Os dois juntos fazem uma dupla de trapasseiros que decidem explorar Christopher Cross, um caixa de banco de meia idade com aspirações a artista que se enamora de Kitty numa noite de chuva.
A partir do momento em que lhe põe os olhos em cima o seu destino está traçado.


A sequência final é mais um devaneio expressionista de Fritz Lang, onde numa reviravolta típica do Noir, a personagem, apesar de ter escapado à justiça dos homens não poderá nunca escapar-se a si mesma nem conseguir a expiação dos seus pecados.

segunda-feira, novembro 01, 2010

Clarissa Vaughn: I don't know what's happening to me. I seemed to be unraveling.


Stephen Daldry