O mês de Julho, esse híbrido entre as férias e o trabalho.
Dias quentes entre noites frescas, ondas de calor no alcatrão e essa sensação de possibilidade.
Em Julho coisas podem acontecer.
Como em 2007, que fui ao Festival Músicas do Mundo de Sines.
Apaixonei-me pelo "Amor em Tempos de Cólera" e pela "Crónica de uma Morte anunciada" de Gabriel Garcia Marques. Vi o "Scoop" do Woody Allen e um Noir antigo, "Gilda" e um Noir pós-moderno "A Dalia Negra."
Ou como em Julho de 2008 em andava cheia de opiniões sobre a imprensa regional, e vi cinema independente, a "Estação" e "The Savages" ou o "Breackfast on Pluto". E vi o blockbuster "Iron Man."
Li a "Desgraça" de J.M. Coetze.
Ouvi The National e P.J. Harvey.
No Verão de 2009 só via a Revista, a minha vida era a Pormenores, o meu blogue o espelho disso.
Julho de 2010 teve Sines novamente. Vi Céu e Saff Benda Bilili... Vi o "Breakfast at Tiffany's", reli o "Orlando" da Virginia Wolf e empolguei-me com a série Millennium nas páginas de "Os Homens que Odeiam as Mulheres".
Vi o "Sexo e a Cidade", o "Robin Wood", "Rachel Get Maried"... Ouvi Morphine.
No ano passado só havia olhos para a horta. Para os meus morangos, para as saladas de tomate e para as alfaces.
Nesta espécie de autobiografia dos meus meses de Julho, revivi cada página de livros que me apaixonaram. Sentei-me de novo no cinema saltando da cadeira a cada susto, ecoaram na minha mente acordes de musica.
Recordar permite-nos isto. Montar um puzzle feito de inúmeras peças que explica o nosso caminho.
É olhar para trás e sentir que afinal houve vida.
É olhar para a frente e imaginar o muito de vida que ainda há para viver.
O tempo continua ainda a ser um mistério para mim, essa ilusão. A inevitabilidade do tempo, dos dias que passam... a perda constante.
Fazer este exercício é sentir que atrás de si o tempo deixa um rasto de memórias..a sua personificação, algo que é quase palpável... não o tempo em si, mas uma memória dele.