"Há um ponto na consciência onde acaba a nossa persona social
e começa o nosso eu. Um ponto onde se acaba a culpa, onde se acalma a ansiedade
e se apagam preconceitos.
Ultrapassado esse ponto invade-nos uma sensação morna de felicidade. Cresce no centro do corpo e se eleva fazendo ruborescer as faces.
Ultrapassado esse ponto invade-nos uma sensação morna de felicidade. Cresce no centro do corpo e se eleva fazendo ruborescer as faces.
Podemos chegar lá de muitas formas. Mas uma vez que lá chegamos
devemos saber que é um sítio vicioso.
Que é humano querer sempre mais do que é
bom.
Mas como é insustentável essa leveza de ser…não podemos permanecer lá muito tempo sob pena de se ficar irremediavelmente perdido...
Mas sair e encarar a realidade dá-nos esta sensação de ressaca emocional....
Pagamos sempre, de qualquer forma os excessos da vida."
E quando um dia é apenas um dia, só mais um dia. Uma espécie de papel branco que não se vai preencher nem encher de história cresce-nos este amargo de boca, um tédio existencial, o sentimento de desperdício, de tempo, de vida. "Hoje não estou a ser tudo aquilo que posso ser. Não estou a aprender, não estou a ser feliz ou a sofrer. Não estou."
Essa linha plana a seguir a altos e baixos cria esta sensação física de ressaca, banhada de ansiedade, vazio.
A ressaca emocional agrava-se há segunda-feira. Mesmo ontem éramos livres...hoje estamos de volta ao mundo real.
Mas sair e encarar a realidade dá-nos esta sensação de ressaca emocional....
Pagamos sempre, de qualquer forma os excessos da vida."
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Há dias difíceis a segunda-feira costuma ser um deles. A sensação de descanso do fim-de-semana transforma-se num cansaço pesado quando temos dias realmente vividos. Durante os dias que somos livres não paramos e depois chegamos aqui. Se há algo que detesto na vida moderna, nos dias de semana, no trabalho...é esta sensação de que alguém é dono do meu tempo.
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A sensação de ressaca emocional é algo que se agrava ao longo da vida. Porque vamos degustando novas sensações, mais e mais e aprendemos que a vida pode ser surpreendente, emocionante e cheia de aventura. Queremos isso todos os dias. Estímulos.
Gostos, cheiros, emoções.E quando um dia é apenas um dia, só mais um dia. Uma espécie de papel branco que não se vai preencher nem encher de história cresce-nos este amargo de boca, um tédio existencial, o sentimento de desperdício, de tempo, de vida. "Hoje não estou a ser tudo aquilo que posso ser. Não estou a aprender, não estou a ser feliz ou a sofrer. Não estou."
Essa linha plana a seguir a altos e baixos cria esta sensação física de ressaca, banhada de ansiedade, vazio.
A ressaca emocional agrava-se há segunda-feira. Mesmo ontem éramos livres...hoje estamos de volta ao mundo real.
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A ressaca emocional dá-se porque se provou esse "joie de vivre". Porque se nos encheu o palato e sabores, porque o sol bateu-nos morno na face. Porque dançamos de olhos fechados em noites de deslumbre.
Porque abraçamos pessoas e sentimos corações a baterem ao mesmo ritmo que o nosso.
Porque vimos a beleza dos dias que acabam em noites suadas, ridas em conjunto e vividas muito para além dos limites.
A ressaca emocional é a paga por se estar embriagada pelos dias, a afogar-se constantemente nesta vontade imensa de viver...
A mãe natureza é perfeita...tal como se o álcool não desse ressaca andaríamos perpétuamente bêbados....Se não houvesse essa persona social... o nosso eu pensaria apenas em "viver com prazer".