quarta-feira, agosto 13, 2014

Andar distraída…



A vida passa, são os dias. Esses que nos consomem o tempo. As horas, a que temos de estar como e aonde, a queimar pela pele secando-nos as ideias.

Com esse frenesim de estar vivo, de respirar, de dormir, de comer, de estimular e abstrair uma mente a ficar mole de cansada, um dia reparamos numa falta de brilho num qualquer reflexo de espelho. Sabes, tens a certeza que estás distraída com coisas.

Essa distração não é pensada, nem desejada e no fundo, bem no fundo, achas que a estás combater nesse jogo de sobrevivência, porque te expões e te ofereces à vida, fazes coisas que desejas, aproveitas no éter das semanas os dias que são teus.

Essa distração é mais profunda, é do foro existencial. Estás distraída nas respostas que tens de dar às questões iniciais. Afinal quem sou eu, o que faço aqui?

A distração perante as perguntas sem resposta é um facto inevitável na vida. Tendes, pendes, resvalas. Acabas por passar por lá, porque respiras no conforto do imediato. E só quando começas a subir na pirâmide te apercebes, que há mais necessidades a suprimir.

Tenho andado distraída.

Reparei.

É uma distração boa. Subtil. Reveste-se de dias quentes e leves. Leves, leves como um sorriso aberto numa tarde de verão. Leve…insustentavelmente leve.

É uma distração procrastinadora. A distração que nasce da inercia. Como quando estamos tão ocupados a ver a beleza em nossa frente e não vemos o acidente na esquina.

A distração é necessária. Reparei nela.

Ajuda-nos a sentir essa quantidade necessária de frustração, essa quantidade que apaga brilhos.


Andar distraída é isso… juntar, juntar….juntar peso, peso até que a nossa leveza se torne insustentável e comecemos de novo a pensar a sério no que é suposto fazermos com a nossa vida.