terça-feira, agosto 25, 2015

A casa imaginada...


Vivo numa casa imaginada
cujas paredes vou moldando
não tem telhado, nem chão...nada
e da janela vê-se um mundo que estou pintando

Não tem cheiro seu
cheira a todas as casas onde vivi
a um canto solarengo de céu
ás vezes quase que cheira a mim

Na rua uma loja com maças
um café de esquina
onde me sentar pelas manhãs
bebendo canecas de cafeina

Um bom dia sorrindo
uma porta familiar
um cão correndo
um sitio onde descansar

A casa imaginada
todas as casas onde vivi
uma casa inventada
que só existe dentro de mim.

Uma casa que é errante
que está em todo o lado
como um mau amante
tudo é apenas imaginado...



segunda-feira, agosto 17, 2015

Os dias...



Os dias...vividos em espanto
o oxigênio extinguindo-se... acabando
o tempo que se perde...tanto
Roçando-nos na pele...queimando

Os dias, que esperamos deles?
das horas, dos minutos contados?
essa sensação de perda na pele
esse mar de sonhos inquinados

E de novo os dias incessantes
manhã, tarde, noite, madrugada...
nós perdidos a vive-los errantes
mas sem os dias...não nos sobra nada...

quinta-feira, agosto 06, 2015

As ondas...


Mergulhar nessa parede de água violenta
no liquido primordial, não ter peso
o coração batendo de forma lenta
soltando na mente tudo em que penso

E por momentos essa aflição
a extinção da vida na falta de ar
o abandono, a lentidão
a paz do silêncio no mar

As ondas crescendo da caricia
até à violência, batendo
no nosso corpo frágil e sem malicia
que com gozo ao perigo vai cedendo

As ondas brilhando ao sol
pratas, brancos, ouro nas areias
e o corpo batido, como que fugindo do anzol
perde-se no azul, onde não há coisas feias

E nas ondas, nessa falta de ar
o coração agora batendo com aflição
morre-se e nasce-se...essa sensação...
rolando na maré com ânsia de respirar.




segunda-feira, agosto 03, 2015

Agosto...



Será que vivemos outro Agosto?
Que a história se escreve
que se esgota o desgosto
num qualquer vinho que se bebe...

Será que ainda vamos cá estar?
sem respostas, só duvidando
sem vontade nem forma de perguntar
com o silêncio nos enganando...

Vivemos outro Agosto?
Consegues imaginar?
A este sinto-lhe o gosto
Que estarás tu a pensar....

Uma mala...



Queria  que vida coubesse toda numa mala
leve, mas sem fundo
Que desse para agarrar e levá-la
Sair sem raízes para o mundo

Ser a única bagagem
Uma mala que eu pudesse carregar
Sem plano nem mapa, só coragem
Sem casa para onde telefonar

Uma vida dessas leves
Sem problemas nem resoluções
Noites longas e dias breves
Sem expectativas nem ilusões.

Uma mala só de histórias
Sem trabalhos nem ralações
Uma mala de boas memórias
Existir nos dias, não ter preocupações....