domingo, janeiro 31, 2016

32 para a semana…



E ainda não me refiz de ter nascido.
Ainda não defini o divino e estou tentada a não o acreditar… estranho, como sempre vivi uma vida tão secular e, no entanto, o mundo a rodar tantas atrocidades a acontecer, esta ideia tão clara que não sei em que acreditar, por vezes a certeza de que não há como acreditar.

A minha fase existencialista a resvalar para um ateísmo embaraçado, ainda pouco informado, mas latente… fase que ao me afastar de qualquer tipo de pensamento religioso, coloca a questão da religião num centro nevrálgico onde ela nunca esteve na minha vida.

Não desisti do amor, mas defini-o de tantas outras maneiras que ás vezes acho que não vou encontrar ninguém que me possa amar. Neste mundo de Egos, o teu e o meu, o de todos nós, nem sei bem como tal coisa se processa, qual o processo químico, de que silêncio abdicar, o que dar mais. O cinismo nessa área não é mais latente, instalou-se. Das minhas paixões platónicas sai pouco amor. Não sei ainda se sou eu que não sei dar, ou se não sei receber. Se os dois...

Ainda não me sinto em casa. Em lado nenhum, exceto quando me cheira a mar. E nestas três décadas esta é a casa mais perto do mar que alguma vez tive.

Não estou apaixonada pelo dia-a-dia. Elevo-me do tédio existencial a todo o momento para simplesmente viver, como que nunca refeita de uma promessa gloriosa que nunca se cumpriu, parecia haver mais para viver enquanto crescia. Fazer as pazes com o quotidiano, como os movimentos pendulares dos dias, com o almoço e o jantar é difícil, assim como é difícil focar a mente numa qualquer tarefa que exija 8 horas por dia. O trabalho no formato em que ele existe é algo de anti-natural para mim.

Insurgi-me com mais força contra os fretes… faço-os cada vez menos. Compreendo, de forma clara que mesmo que seja intangível o tempo é a coisa mais preciosa que tenho. O tempo que por estes dias se sente a passar como areia fina a escorrer por entre os dedos.

Por isso toda e qualquer perda é demais. Por isso o tempo que damos aos outros é uma dádiva maior, e o tempo que os outros nos dão uma oferta que devemos receber com o coração.

Não aceitei ainda por completo essa coisa do tempo, e continuo a senti-lo em perda diária. De todas as possibilidades que não se materializam e de todas as escolhas que não faço. Idealmente viveríamos em realidades paralelas, a sermos tudo aquilo que poderíamos ser, a melhor versão de nós sempre em teste.

Mas aos 32 anos acho que posso aceitar a transformação do tempo em memórias. A vida que já se pode contar, nem tudo aconteceu ontem, nem toda a gente se conhece de agora. E isso também é uma dádiva.

Por isso a poucos dias dos 32 anos, nesse estado de alma algo adolescente que não se desprende de mim, acho que sou melhor pessoa do que era aos 22.

Prometo-me tentar ser melhor aos 42.


Talvez nunca venha a saber bem o que quero… mas por esta altura vou tendo ideias claras do que não quero.


Aos 32 anos, parece-me um avanço!


P.S. Percebi agora que o Blogue faz em agosto 10 anos... é de alguma forma assustador...

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