segunda-feira, setembro 25, 2006

O Sol


“Com um formato tablóide, um preço de dois euros e páginas impressas a cor, o novo jornal anunciou de início os seus grandes propósitos: ser incómodo mas não destrutivo, claro mas não superficial, político mas não partidário.”

“O sol diferencia-se da grande maioria dos jornais portugueses por não se integrar em qualquer grupo de comunicação.”

“Um jornal que vale por si. Este semanário não oferece brindes nem faz promoções.”

Aqui temos o novo semanário português apresentado por quem o faz. Encontro alguma audácia em algumas palavras, mas devo reconhecer que a falta desta, vota desde o início, os projectos ao fraco sucesso.

Apresenta-se um jornal cheio de cor, com o recurso ao desenho e às caricaturas que dispensa grande parte do seu espaço na secção Política e Sociedade, mas que também o faz com secções muito mais lights e femininas por assim dizer, é o caso da secção Intervalo que se dedica a temas como a saúde, o estilo de vida em que fala por exemplo de produtos de beleza, culinária e televisão.

As figuras públicas que têm o seu espaço de opinião são muitas, algumas delas já não são estreantes nestas lides, e de certo modo formam um grupo um tanto ou quanto ecléctico. Temos pessoas de direita e de esquerda, é o caso dos irmãos portas, temos Margarida Marante e Margarida Rebelo Pinto, nesta edição a primeira fala de Isaltino Morais a segunda questiona a importância do Kamasutra, temos António Pedro Vasconcelos que nos fala de poesia, Luís Filipe Borges que usa a sua veia humorística para falar de coisas importantes e Marcelo Rebelo de Sousa que dá a cara por um página em jeitos de blog. Entre muitos outros que opinam sobre assuntos tão díspares como as regras de etiqueta que se devem respeitar à mesa e a economia passando sempre pela política e o estado da nação.

A revista Tabu encaixa perfeitamente no protótipo de suplemento do jornal de sábado. Reportagens alargadas sobre personalidades, momentos históricos, viagens, culinária, estilos de vida, etc. Não me parece que venha acrescentar alguma coisa nesta área. Sabe sempre bem ganhar uma revista com o jornal, muitas vezes esta faz com que nem prestemos atenção ao mesmo. Mas estava realmente à espera que esta Tabu fosse mais inovadora.

Quanto ao jornal em geral, agrada-me a ideia de que este é uma instituição independente de qualquer grupo económico e político. Todos sabemos que actualmente se vive numa fase de aglomeração dos grandes meios de comunicação em dois grandes grupos económicos o que, quanto a mim, põe em causa certos valores de isenção e principalmente eleva a guerra pela disputa do domínio do mercado aos pontos a que se tem assistido, principalmente quando se fala em televisões.

O aparecimento de um novo meio independente que se assume como concorrente directo com o, por vezes elitista, Expresso agrada-me e parece-me trazer benéficos.
A prova disso foi a já lançada mudança de formato que o expresso fez, tornando-se mais prático em termos de manuseamento, antevendo a já esperada concorrência.
Parece-me que quem compra regularmente o Expresso o vai continuar a fazer, o Sol é realmente mais leve, usa uma escrita mais simples, é mais colorido e directo, penso que o seu público-alvo será um pouco diferente, eu atrevo-me a situá-lo no “leitor médio”. Acho que o Público, ou o Jornal de Notícias sentiram de uma forma mais intensa a concorrência nas edições de sábado.
Mas esta é ainda a segunda edição e o Sol ainda tem provas para prestar, apesar dos 200.000 exemplares vendidos no primeiro número. Aguardo por novas edições.

1 comentário:

Guida disse...

Vou ser sincera, ainda não li o "Sol", exceptuando a versão online, mas se começar a avaliar pelo nome que lhe foi atribuido, e como opinião muito pessoal, digo que lhe tira um pouco de credibilidade logo à nascença.
Concordo que os jornalistas tenham audácia para levar o projecto para a frente, mas o número de exemplares vendidos, por enquanto, não dão provas do bom jornalismo ou não, utilizado pelos jornalistas do Sol, até porque as pessoas o compram por mera curiosidade, para perceberem qual o tipo de notícias, de escrita e a facilidade de leitura do jornal. E por mais que queiram, ainda não podem compará-lo a nenhum jornal dito de referência