segunda-feira, outubro 09, 2006

Velvet Goldmine




Realizador: Todd Haynes
Intérpretes: Ewan McGregor, Jonathan Rhys-Meyers, Christian Bale, Toni Collette, Eddie Izzard, Emily Woof, Michael Feast, Janet McTeer
Grã-Bretanha/EUA, 1998
Estreia: 28 de Maio de 1999

«Velvet Goldmine» é a homenagem nostálgica e agridoce do americano Todd Haynes ao «glam rock», fenómeno essencialmente britânico, e que o realizador interpreta não só em termos sociais (foi a via de emancipação individual de uma nova geração), musicais (foi uma reacção alérgica à agonia do psicadelismo e do «flower power») e de estética pop (foi a era do exibicionismo extravagante e espampanante, em palco e fora dele), como também sexuais. Eurico de Barros

Tudo me escapa desta época, desde a estética das coisas mais banais à necessidade quase sufocante que existia nas pessoas de chocar.
Pelo que me contou este filme havia uma necessidade de criar um colapso social capaz de deitar abaixo as barreiras. O de transformar aquilo que existia fechado dentro dos armários privados em normalidade. Penso que a sexualidade das pessoas (ou a homossexualidade) nunca foi tão explorada, tão difundida e mesmo enaltecidas como na época do tal Glam Rock.
È estranho para o meu sentido de estética a androginia e ambiguidade das personagens, homens meio mulheres, homens transvestidos de mulheres ou simplesmente uma abordagem diferente dos nossos conceitos “machista” de como é suposto um homem se apresentar?
Tanta cor, tanta exuberância, tanto excesso, tanta musica num filme que nos distancia da realidade, numa história que conta a ascensão e o declino de uma forma de viver e de estar que se auto-destruiu na sua impossibilidade de permanecer dentro dos padrões de vida da sociedade. Eram utopias o que se vivia, assim eram utopias o flour power.
Uma prova que o século passado foi prolífero em vagas artísticas originais capaz de movimentar multidões e de fazer as pessoas seguir objectivos e ideais.
Às vezes pergunto-me o que se passará connosco hoje em dia. Perdeu-se, não existe mais a necessidade de quebrar barreiras porque todas elas já foram quebradas.
Hoje não as questões politicas são abertas, vivemos no centro e isso não exige grandes rebeliões, a sexualidade é largamente difundida hoje não se discute se ser homossexual é anti-natura ou não, hoje discutimos se os homossexuais podem ou não adoptar crianças.
Pergunto-me onde se encontra agora o impulso criativo, as correntes literárias, artísticas, musicais? Onde se inova, porque se luta?
Dantes lutava-se por liberdade, por questões ideológicas, por paz. Às vezes penso: não se vive agora uma época de vazio ideológico? Sabem agora os jovens porque lutar?
As coisas que os filmes me levam a pensar…

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