Chove por aqui…está um daqueles dias bem tristes como se a natureza se juntasse a mim para chorar os tempos passados. Como se o céu pousasse a sua mão no meu ombro e me sussurrasse, “não choras só, anima-te…”.
Mas aquilo que eu choro é mesmo só meu. O princípio do fim já começou há muito tempo, mas parece que está sempre tão longe, parece que nunca vai chegar, mas chega. E este tempo que devia ser de esperança num futuro, este tempo que é o verdadeiro início do resto da minha vida é doloroso, dói quase fisicamente. Porquê? Tantas decisões, tantas coisas que não me pertencem só a mim, mas que são só minhas.
Cada vez que olho para a frente vejo um mundo inteiro de coisas à minha espera, cada vez que olho por cima do ombro vejo o meu mundo, como uma âncora, como se eu fosse uma árvore cheia de raízes e me fosse completamente impossível mover.
Tudo em mim grita neste momento, eu grito de desespero. Queria ter tudo sem abdicar de nada, queria que o destino fosse eu ou então que ele escolhesse de uma vez por todas por mim…
Este medo da mudança, esta coisinha tão genética que é a porra da nostalgia, a saudade vivida antes das coisas terem passado, a inércia pelo medo de a sentir, o raio do fado…
Devíamos poder estagnar o tempo e ficar estudantes para sempre, e ficar com os nossos amigos sempre, ir às aulas, pedir dinheiro ao papá e beber copos à quinta-feira… Mas não podemos, temos de ficar aqui felizes porque acabamos o curso e tristes porque vemos os outros partir, arrasados porque o que nos espera é isso, partir também…
1 comentário:
"Queria ter tudo sem abdicar de nada"... É isso o tempo todo: vontade imensa sem saber do quê, saudade do que nem será e lembranças encavaladas. Isso incomoda porque diz que estamos sendo, com a condição de deixar de ser. Dói mesmo; jamais será diferente ;)
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