segunda-feira, agosto 27, 2012

Divagações sobre o tempo II


São dez anos tempo suficiente?
Para esquecer, amenizar, perdoar ou sanear os acontecimentos e ainda assim acharmos que afinal, naquele tempo éramos felizes?

Dez anos, um rio imparável, sempre a correr.

Quantas tempestades, quantos pequenos nadas, quantos traumas inesquecíveis.
Quanta felicidade e tristeza nas nossas vidas.

Dez anos de construção e destruição do nosso eu. Dez anos de fantasmas.

E ainda assim, no momento do reencontro, caras conhecidas e familiares. Gestos que se repetem, vozes que soam de forma igual. O mundo inteiro de diferenças.

Quem seremos nós ali, em dez anos de ausência?

Em que nos transformamos?
Quem és tu? O que pensas da vida? Onde achas que vais?

Poderei algum dia recuperar dez anos de inexistência?
Poderei ser eu de forma diferente? Sem a vontade crónica de cortar os pulsos nos intervalos da aulas? Sem a paixão desses anos adolescentes, sem o drama da existência,  sem os rodeios das vidas paralelas, sem os pequenos truques, sem o ar ausente e a mania que sabia alguma coisa do mundo?

Ou não, em dez anos somos simplesmente qualquer coisa muito, mas muito diferente?



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