domingo, agosto 05, 2012

De volta ao Noir: Rebecca (1940)


É sempre difícil ver um filme baseado num livro de que gostamos realmente muito. As expectativas são altas. Conhecemos demasiado  bem a história, vivemo-la, atribuímos rostos às nossas personagens, desenhamos cenários na nossa mente, sentimos os cheiros descritos, estivemos, em alguma parte da nossa mente lá.

E depois há os pequenos pormenores que não aparecem no filme, ou porque não há tempo na curta narrativa ou pura e simplesmente porque são momentos que não se  traduzem em imagens.

Hitchcock fez um bom trabalho com o romance de Daphe Du Maurrier, apesar de ter sido um trabalho ingrato. 

O romance é denso, mergulhado numa atmosfera Noir complexa, com descrições longas de lugares e pessoas. Mas o que mais me agradou no escrita de Du Maurrier foi a sua capacidade de criar tensão entre as suas personagens. E tensão criada simplesmente pelos espaços, por memórias de uma casa ou de situações.

Rebecca é um livro Noir, que gira em torno de uma mulher que ocupa cada momento da história, embora já tenha morrido. E a tensão provocada pela sua lembrança é algo sempre presente no livro.

No filme, há apenas dois momentos em que esta sensação de quase perfeição se sente, sendo o momento em que Mrs. Danvers tenta induzir a frágil Mrs. de Winter ao suicídio a melhor conseguida. 

Não é o melhor de Hitchcock, mas vale a pena ver. No entanto, leiam o livro. Ai sim, está o verdadeiro prazer desta história.

"Mrs. Danvers: Go ahead. Jump. He never loved you, so why go on living? Jump and it will all be over... "

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