quinta-feira, setembro 27, 2012

Divagações sobre o Tempo VII


Podia ter sido ontem, esse fim de Setembro já tão longínquo.

Numa dessas semanas de tempo instável, de chuvas torrenciais seguidas por um sol aberto e franco. Chegando aqui. Podia estar a ser agora.

O olhar espantado sobre esse mundo todo novo, sobre as possibilidades que se abriam por debaixo dos nossos pés.

Os sonhos a caminharem para se tornarem realidade.

O mundo novo, a liberdade, a escolha, o tempo por nossa conta, só e apenas nosso para fazermos dele o que se quisesse.

Podia estar a ser ainda hoje, essa menina chegando de cabelo apanhado e maquilhagem exagerada. Enxergando-se nesses trapos antigos e ultrapassados, essa expressão de si.

Podia estar as sentir ainda essa sensação doce de colocar a chave na porta de casa, da madrugada e do nevoeiro húmido que subia pelas ruas, e as luzes, as luzes baças, alaranjadas reflectindo nas pedras da calçada.

Podia estar a ser ainda, as nossas vidas congeladas nesse plano, todo o tempo ainda para percorrer o caminho, todas as decisões para serem tomadas, todas as oportunidades ainda à espera para serem nossas.

Podíamos eternamente viver nesse estado de latente euforia, ser jovens. Ser mais que jovens, ser estreantes, ser enérgicos e esperançados, ser sem sombra de dúvida algo que ainda está para acontecer.


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