Camus afirmou que o único problema verdadeiramente filosófico seria o suicídio. Perguntou-se a certa altura se devia beber um café ou tirar a própria vida, visto tudo isto ser um absurdo.
O absurdo da existência, o desalinho dos nossos dias, uma deriva que talvez não valesse a pena viver.
Para mim, a único problema verdadeiramente filosófico é o que fazer com tanta vida.
Como escolher, quem ser, onde viver, o que fazer com o tempo que nos resta quando o relógio impiedoso não para de rodar.
Quando viajamos é-nos aberta uma janela para outros mundos. Nesse espaço de tempo podemos-nos imaginar a caminhar por outras ruas, a comer noutros sítios, a ser outras pessoas vivendo vidas distantes.
Quando voltamos à vida normal sobra-nos essa sensação agridoce, estarei eu a viver a vida certa?
Aquela que eu quero, a mais completa, aquela que aproveita o melhor de mim?
Essa linha temporal única é realmente madrasta, porque nos obriga a uma escolha de circunstancias e nos encaminha para caminhos e de forma involuntária estamos a viver, não a vida que podemos, mas a que nos é possível.
Como queremos viver o tempo que nos resta é então a única pergunta a que temos de responder. Quem queremos ser, onde viver, o que fazer a seguir, que tipo de pessoas somos, com quem queremos estar.
Que vida queremos ter, quando só temos uma hipótese de acertar?
Sem comentários:
Enviar um comentário