Dizem que as dores de crescimento são um mito. Não sei se as
há, se nos doem os joelhos enquanto esticam, ou se parte a pele porque demos um
salto.
Mas há muitas formas de
crescer. Há mais dentro de nós que se pode expandir, a nossa alma dói quando
cresce, dói fisicamente das formas mais inesperadas.
O assumir do tempo,
aceitando as etapas. Vivendo coisas pela primeira vez, sentir-se ficar para
trás, dando um grande passo em frente. Doí sempre, como se o nosso universo
interior se reajustasse, para receber esse novo Eu, maior. Umas vezes mais
forte, outras simplesmente muito mais fragilizado.
Essa divergência, dói. É um
reajuste brutal daquilo que esperávamos de nós, há alguém que nos pode
desiludir mais? Do que esse possível Eu que não aconteceu?
Dos romances perfeitos que
nunca surgiram, nem dos beijos sonhados em noites de luar, ou das vidas
inventadas, sem problemas, sem preocupações, só nós sendo as protagonistas de
uma aventura existencial exemplar.
Um dia paramos à beira de um
espelho e é suposto ser-se crescido já, dentro de uns jeans rasgados e de um
rosto imaculado. Nesse dia, mesmo que o vento nos sopre nos cabelos como fazia
há 15 anos atrás, e essa fosse a verdadeira liberdade, dói. Porque não somos o
suficiente.
Porque não fomos a todos os sítios
que era suposto ir, nem fomos nobres o suficiente e muito menos temos as respostas para
todas as perguntas que nos fazíamos em noites de insónia.
Ser-se crescido, num espírito
ainda “pequeno” é doloroso.
E depois há o mundo a girar
lá fora, de forma crescente, cada vez mais rápido. Sucedendo-se. A vida dos
outros a acontecer também. Nós a fazer parte, a querer crescer com eles, a viver
em segundas núpcias as alegrias, os desesperos, emocionando-nos com o tanto que
todos cresceram.
O tempo, a ser assim inexplicável.
Devíamos de poder vivê-lo,
todo de novo. Quando já fossemos crescidos.
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