segunda-feira, agosto 12, 2013

Crescendo…

Dizem que as dores de crescimento são um mito. Não sei se as há, se nos doem os joelhos enquanto esticam, ou se parte a pele porque demos um salto.

Mas há muitas formas de crescer. Há mais dentro de nós que se pode expandir, a nossa alma dói quando cresce, dói fisicamente das formas mais inesperadas.

O assumir do tempo, aceitando as etapas. Vivendo coisas pela primeira vez, sentir-se ficar para trás, dando um grande passo em frente. Doí sempre, como se o nosso universo interior se reajustasse, para receber esse novo Eu, maior. Umas vezes mais forte, outras simplesmente muito mais fragilizado.

Crescemos quase sempre de forma diferente, caminhamos noutros sentidos distantes daqueles que imaginamos quando nos deitávamos no meio das almofadas num qualquer quarto pintado de cor de rosa.
Essa divergência, dói. É um reajuste brutal daquilo que esperávamos de nós, há alguém que nos pode desiludir mais? Do que esse possível Eu que não aconteceu?

Dos romances perfeitos que nunca surgiram, nem dos beijos sonhados em noites de luar, ou das vidas inventadas, sem problemas, sem preocupações, só nós sendo as protagonistas de uma aventura existencial exemplar.

Um dia paramos à beira de um espelho e é suposto ser-se crescido já, dentro de uns jeans rasgados e de um rosto imaculado. Nesse dia, mesmo que o vento nos sopre nos cabelos como fazia há 15 anos atrás, e essa fosse a verdadeira liberdade, dói. Porque não somos o suficiente.

Porque não fomos a todos os sítios que era suposto ir, nem fomos nobres o suficiente e muito menos temos as respostas para todas as perguntas que nos fazíamos em noites de insónia.

Ser-se crescido, num espírito ainda “pequeno” é doloroso.

E depois há o mundo a girar lá fora, de forma crescente, cada vez mais rápido. Sucedendo-se. A vida dos outros a acontecer também. Nós a fazer parte, a querer crescer com eles, a viver em segundas núpcias as alegrias, os desesperos, emocionando-nos com o tanto que todos cresceram.

O tempo, a ser assim inexplicável.

Devíamos de poder vivê-lo, todo de novo. Quando já fossemos crescidos.


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