(Por a tocar...e depois ler...com banda sonora...)
Do espaço fez-se multidão. Apertados no escuro, vendo a cada momento menos lugar para respirar,embriagando-nos nos cheiros, de fumo, de gente, de comida e de bebida, no cheiro adocicado da expectativa.
Já disse antes, um concerto daqueles que se espera, que se ansiou ao longo do tempo pode transformar-se numa espécie de comunhão, entre todos os que estão a senti-lo e quem está no palco.
Comunhão destas vi poucas.... The National na Aula Magna nos idos de 2008... Chet Faker no sábado no Alive.
É nesse momento que sabes que é algo de especial. Quando todas as coisas estão na dose certa dentro da tua cabeça, quando à tua volta o mundo se move a um ritmo que podes acompanhar. Quando a temperatura ambiente se sente na pele como um beijo abafado de gente, saturado mas viril. Quando não tens espaço, mas o espaço não faz falta ao entusiasmo, e quando toca o primeiro acorde e o publico se levanta em coro, o mundo transforma-se nesse espaço transcendente, onde realmente a musica funde todas as partes do teu corpo numa peça só. (Nin, A.).
Podes fechar os olhos ai e continuar a ver, o show de luz e cada decibel debitado pela coluna é um pulsar de sangue nas tuas veias, um pulsar conhecido a cada estrofe que podes cantar de memória.
Tu e a expectativa consumada, a bombear no teu corpo por um coração emocionado.
Uma e outra vez. Mudando ao ritmo, a cada voz forte, quando chega AQUELA musica.
Um concerto é isto. A mim sabe-me a isto. A estar viva, muito mais viva uma e outra vez que o meu sangue circula a ritmos diferentes crescendo, expandindo, criando memória na minha mente.
Fugindo mais uma vez da fealdade....procurado o belo. Porque se há A Grande Beleza...é estar vivo e sabe-lo!
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