A força de vontade é um músculo invisível, ainda assim um músculo.
Que se trabalha de forma incansável ou ele fica flácido e incapaz de funcionar.
Testamo-lo todos os dias com pequenos nadas, com respostas
negativas a tentações, com pequenos esforços sem nexo como subir pelas escadas
e depois traímos o treino com a famosa frase “dias não são dias…” E não são,
isto quando não a dizemos todos os dias.
Isto para dizer que a força de vontade treina-se. É um
treino exigente que quando levado demasiado a sério pode transformar a nossa
vida numa coisa ascética e fundamentalista, mas que quando é descurado
simplesmente nos foge das mãos. Dias não são dias, comes o doce hoje, amanhã
bebes mais um copo e porque não, a vida é um mar de coisas boas [que
tendencialmente te fazem mal] fumas um desses cigarros.
Os dias tornam-se semanas
que se acumulam em meses. O teu músculo está fraco. Não é uma palavra que sai
menos vezes. E porquê, porquê dizer não ao que nos faz feliz, aos momentos, aos
sítios, à vida que está a ser vivida, agora e aqui. Se isso nos faz sentir bem?
Se estamos felizes? Dizes sim.
Um dia, acordas e precisas do “músculo” funcional, e ele
está flácido. É nesse momento que se faz a diferença, ou percebemos que dias não são dias e recomeçamos o treino,
ou deixamo-nos dessas merdas e aceitamos que não queremos saber.
Dias são sempre dias, cada pequena decisão que tomamos tem consequências
imediatas no que somos, no equilibro ténue da balança perfeita que é o nosso
corpo.
Inicias então a “dieta”. A “dieta” é a metáfora perfeita
para a força de vontade necessária para a vida. Deixar um vicio é uma dieta,
deixar um mau hábito é uma dieta, os pressupostos são os mesmo, deixares de fazer
algo que gostas. Se deixas de fazer algo que gostas é porque em algum ponto
isso te estava a prejudicar, privaste-te em prol do bem maior.
O início da “dieta” é doloroso, tens fome. Sempre. Não
inventem. Apetece-te coisas. Tens fome. É ai que entra o “músculo”. É ai que te
apercebes, afinal, qual é o tamanho da tua força de vontade.
Sou conhecedora de dietas. De uma forma muito lata já fiz de
todas, já tive vícios, já tive maus hábitos, já tive peso a mais, já tive que
em muitas situações me corrigir e me reorientar.
Não são fáceis, eles implicam quase todos os sectores da
nossa vida, gastam muita energia. Intrigam as pessoas à nossa volta, por vezes
isolam-nos, por vezes deprimem-nos, por vezes são a descoberta do admirável mundo
novo.
Mas são difíceis. Tens “fome”. Seja do que for que te aconchega
a alma.
Mas ai entra o teu “músculo”. Força de vontade é comer um
quadrado de chocolate e ficar satisfeito sabendo que o resto da tablete está na
gaveta.
Este foi um grande verão. Fui feliz e fiz o que queria
fazer, não disse tantas vezes não. E isso deixou-me com pouca energia, uns
quilitos a mais e uma balança desequilibrada que eu tenho de voltar a
equilibrar.
Setembro sempre foi para mim um mês de mudança, de
recomeçar. Muito mais que o ano novo, para mim Setembro é o mês de fazer a vida
avançar.
Por isso, estou oficialmente de “dieta”. E estou confiante,
tenho um bom “músculo”. Tem provas dadas, mais que não seja porque eu passo a vida a testar-lo!
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