domingo, outubro 01, 2006

O tempo que passa....


Acaba-se o fim-de-semana. E tudo fica a saber a pouco. O pouco tempo de descanso, o pouco que foi o mimo da mama, o pouco tempo que tive para apreciar a chuva da janela… Os dias que são curtos quando deviam ser intermináveis.
O tempo que passo sozinha ao volante pelas planícies deste meu Alentejo… O tempo que me foge constantemente das mãos.
E depois fica sempre este gostinho agridoce na boca, esta sensação de que ficou a faltar qualquer coisa, esta tristeza de querer mais, mais tempo lá. Esta certeza de que esse tempo não vai chegar, porque já passou, já passou o tempo de lá estar.
Nunca me sinto contente, nunca estou bem. Esta maneira de viver lá e cá e depois além, esta coisa que me fica sempre no pensamento, a minha vida que pára constantemente em algum ponto para depois ser retomada. A falta de continuidade. Os flashs, os quadros, como fotos de momentos que congelo no tempo, para depois descongelar e continuar a viver. Desde sempre, desde criança, desde que imaginava a vida, as vidas que eu poderia viver. E vivia muitas, todas diferentes complexas acabadas nos meus sonhos infantis. Neles corri o mundo, neles o meu tempo sempre chegava, o mimo da minha mãe era sempre suficiente e eu, eu vivia sempre a maior das seguranças.
Agora o tempo já não chega, já não sonho, já não viajo tanto por dentro de mim…
Hoje sinto falta de ser criança, de abraçar a minha mãe, de ter medo do escuro.
Sinto que se desprende essa parte de mim. Sinto que a perco a cada minuto que passa...
Será isso mau? Crescer não haverá de ser mau… não devia ser.

1 comentário:

Rodrigo Maceira disse...

Ainda sinto medo. No escuro, ou com todas as luzes acesas. Para ser aventura, tem de haver risco ;)