terça-feira, dezembro 25, 2012

Cadernos de viagem IV

Mundo dos emigrantes é uma estranha fusão entre o país de origem e o país que os acolhe.

Uma fusão entre gerações nascidas em Portugal e aquelas que já são mais daqui.

Há mesa, fala-se numa língua e responde-se noutra. Come-se daquilo que se comeria lá na terra, mas mistura-se com algo criado aqui.

São pessoas do mundo, mas no centro do mundo parece estar sempre Portugal.

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O Natal é mesmo das crianças. São elas que fazem o caos organizado, é nelas que se sente a emoção do desembrulhar os presentes. Pequenos, grandes, úteis  ou inúteis, roupinhas quentinhas, um mundo de objectos desnecessários um esforço monetário apenas para lhes ver brilhar os olhos na noite natal.

Aqui, num país rico, essa profusão de prendas é ainda maior. O desperdício chocante, de papel de embrulho, de caixas de cartão, de mil e um brinquedos, o carro grande, o pequeno, o eléctrico, o que funciona a corda... tudo mas tudo em grande escala.

Não falamos de consumismo se não falarmos no "American Way of Life", tudo o resto somos nós, lá na terrinha a sonhar que podemos fazer mais do que realmente podemos, é até queremos.

Menos por vezes é mais... mais simples, mais verdadeiro, mais responsável, mais importante... 

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O Natal é sobretudo excesso. Excesso de comer, de beber, de prendas. Excesso.
De açúcar nos doces, nas opções do menu, do tamanho dos pratos, excesso. Lá na nossa terra, no outro lado do mundo, na casa da nossa família ou na casa da família dos outros.

Mas também é desculpa para estarmos juntos, para dizermos aos nossos o quanto gostamos deles. Para sermos, por momentos melhores com os outros.

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28 anos depois houve neve no meu Natal. E todo um imaginário infantil fez, por fim, sentido.

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