terça-feira, junho 11, 2013

Ensaios VII


Que se passa com as paragens de autocarro? Lugares escuros e húmidos, como cavernas urbanas.
A antítese do aeroporto. Da luz, dos espaços brancos e arejados.

A paragem do autocarro é esse sítio de ar estagnado, do cheiro a borracha queimada e a casas de banho usadas.

A alcatrão, que escorre pelas paredes enegrecidas de betão inacabado.
Que se passa com as paragens de autocarro?

Lugares escuros, com pessoas tristes. De gosto discutível e trajes estranhos, carregando quase sempre fardos demasiado grandes para si, dentro de malas apertadas que parecem impossíveis de carregar.
E esse cheiro a dióxido de carbono, essa neblina negra que se cola na pele, esse desconforto.

Num a aeroporto existe essa sensação de possibilidade, de dinamismo, de vidas que estão a acontecer. Paira no ar essa sensação de esperança.

Na paragem de autocarro desfilam os condenados, os fugitivos, coisas más podem acontecer nesse sítio. Essa espécie de caverna, nesse ecossistema urbano, quase subterrâneo.

A paragem de autocarro.



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