Se houvesse uma questão filosófica a atormentar a minha alma
seria essa relação estranha entre a linha contínua e única do tempo e a
multiplicidade de escolhas que se nos põem na vida.
Porque quando escolhemos um caminho, há um sem número de
outras coisas que não vamos poder fazer, vidas que não viveremos e cada momento
de sim, ou não, tem tanto de impulsionador da vida como de castrador de tantas
outras possibilidades que ficaram irremediavelmente perdidas.
Em certos momentos as escolhas são fáceis, porque são óbvias.
Regulares.
Noutros, tornam-se numa espécie de sítio nubloso, onde é
suposto se acertar no alvo meio às escuras.
E depois de a pedra ter sido atirada é tão difícil voltar
atrás, estamos constantemente dando saltos de fé.
Quando decidimos onde vamos
viver, quando aceitamos este ou aquele trabalho, até mesmo quando em momentos equívocos
de paixão escolhemos com quem passar a nossa vida.
Momentos de sim, não. De escolhas desembestadas ou de
ponderações demoradas, as escolhas, quando nos deparamos com elas, são momentos
de esperança angustiada.
Desejamos até que alguém venha e escolha por nós. “Ei,
alguém dá uma mãozinha a decidir aqui?”
Ficamos ou vamos? Começamos, acabamos? Decidimos por fim?
Aceitamos menos? Queremos muito mais?
Colocamos-se nessa situação de perigo, não saímos da zona de
segurança?
Ou o que gostávamos era de fazer tudo isso, voltar ao princípio
e recomeçar?
Num tempo em que as vidas são cada vez mais móveis, apesar
de pesadas, como se planeia o futuro?
Quais os desejos de ano novo se não sabemos bem a onde
queremos estar?
A reflexão gera-se então em torno da nossa responsabilidade
perante as escolhas que fazemos sozinhos ou influenciados pelos que nos
rodeiam. Quer sejam escolhas que refletem quem somos, ou que apenas nos salvem
da situação, escolhas são momentos, mas são momentos irremediáveis.
Podemos viver à deriva e esperar que as escolhas se façam
por si, que sejam fruto da oportunidade, do destino. Mas até isso é uma
escolha.
2013 entra agora na recta final, assim como a década dos 20’s.
Nunca as escolhas foram mais difíceis, embora eu tenha hoje muito mais
ferramentas para escolher. Embora eu seja hoje mais confiante, mais educada e pretensiosamente
mais experiente.
Era expectável que o tempo tornasse a escolha mais fácil,
mais óbvia. E o futuro se desenhasse por si.
Na minha mente, brilha ainda uma inquietação adolescente que diz que
tenho todo o tempo de mundo para fazer tudo, sem escolhas.
E não é isso que todos queremos?
Ter tudo!
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