quinta-feira, dezembro 12, 2013

Escolher…

Se houvesse uma questão filosófica a atormentar a minha alma seria essa relação estranha entre a linha contínua e única do tempo e a multiplicidade de escolhas que se nos põem na vida.

Porque quando escolhemos um caminho, há um sem número de outras coisas que não vamos poder fazer, vidas que não viveremos e cada momento de sim, ou não, tem tanto de impulsionador da vida como de castrador de tantas outras possibilidades que ficaram irremediavelmente perdidas.

Em certos momentos as escolhas são fáceis, porque são óbvias. Regulares.

Noutros, tornam-se numa espécie de sítio nubloso, onde é suposto se acertar no alvo meio às escuras.

E depois de a pedra ter sido atirada é tão difícil voltar atrás, estamos constantemente dando saltos de fé. 

Quando decidimos onde vamos viver, quando aceitamos este ou aquele trabalho, até mesmo quando em momentos equívocos de paixão escolhemos com quem passar a nossa vida.

Momentos de sim, não. De escolhas desembestadas ou de ponderações demoradas, as escolhas, quando nos deparamos com elas, são momentos de esperança angustiada.

Desejamos até que alguém venha e escolha por nós. “Ei, alguém dá uma mãozinha a decidir aqui?”

Ficamos ou vamos? Começamos, acabamos? Decidimos por fim? Aceitamos menos? Queremos muito mais?

Colocamos-se nessa situação de perigo, não saímos da zona de segurança?

Ou o que gostávamos era de fazer tudo isso, voltar ao princípio e recomeçar?

Num tempo em que as vidas são cada vez mais móveis, apesar de pesadas, como se planeia o futuro?

Quais os desejos de ano novo se não sabemos bem a onde queremos estar?

A reflexão gera-se então em torno da nossa responsabilidade perante as escolhas que fazemos sozinhos ou influenciados pelos que nos rodeiam. Quer sejam escolhas que refletem quem somos, ou que apenas nos salvem da situação, escolhas são momentos, mas são momentos irremediáveis.

Podemos viver à deriva e esperar que as escolhas se façam por si, que sejam fruto da oportunidade, do destino. Mas até isso é uma escolha.

2013 entra agora na recta final, assim como a década dos 20’s. Nunca as escolhas foram mais difíceis, embora eu tenha hoje muito mais ferramentas para escolher. Embora eu seja hoje mais confiante, mais educada e pretensiosamente mais experiente.

Era expectável que o tempo tornasse a escolha mais fácil, mais óbvia.  E  o futuro se desenhasse por si.
Na minha mente, brilha ainda uma inquietação adolescente que diz que tenho todo o tempo de mundo para fazer tudo, sem escolhas.

E não é isso que todos queremos?

Ter tudo!





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