Quanto mais leio sobre jornalismo e jornalistas...mais me convenço que devia ter tirado um curso de agricultura, é que as couves podem ter coração, mas não chegam a ter umbigo...
Não há no mundo profissional classe operária mais incapaz de
se distanciar de si mesmo, de se relativizar.
Os jornalistas deste mundo passam mais tempo a debater-se do
que a debater os problemas que se passam lá fora.
Depois correm rios de tinta (espera…acabou a tinta, agora
são só zeros e uns!) por causa do comentário de domingo e da conduta do Rodrigo dos Santos ou por causa da reportagem sobre o Tipo do Kit e das Marés
Vivas que vêm a Portugal. A esta última chama-se “infotainment”, goste-se ou não, que há para
debater sobre isso?
No entanto é irresistível empolar discussões, dá-nos um
sentimento de importância.
Porque num mundo onde
o papel do jornalista se vem desvanecendo, gastas que estão as páginas de
jornal que já nem para enrolar peixe servem, nesse mundo de jornalistas
sentados, de pessoas pouco curiosas, de histórias copiadas e embaladas como
numa linha de montagem. O jornalista não é mais um Ser importante. É um tipo
sentado na linha de produção, que pica o ponto para entrar, que tem de mostrar produtividade.
É um tipo como os outros, e não precisamos de muitos anos na escola para fazer
copy/past e interpretar o corretor de erros do word.
Quando iniciei o Doutoramento no ano passado, ia cheia de
perguntas e queria muito encontrar respostas. Depois percebi que num programa
de doutoramento em Ciências Sociais é suposto encontrar mais perguntas e
coloca-las a um nível filosófico que transcende a interpretação do dia a dia e
se situa no éter das questões eternamente por responder.
A pouco mais de um mês de decidir se quero fazer o reingresso
no Doutoramento, de decidir se devo pedir aos senhores para me aceitarem de
volta, debato-me com esta questão. Quero mesmo voltar a estudar jornalismo?
Quero mesmo pegar no trabalho académico de toda a minha vida
adulta e voltar?
Continuo entusiasmada com os modelos de negócio para os News Media e continuo a achar fascinante a entrada nesse admirável mundo novo?
Tenho o que é necessário, gosto mesmo disto?
Ou é uma paixão platónica…daquelas que nutrimos ao longe….destinada a nunca ser consumada?
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