Muito se especula sobre a crise económica que se atravessa no momento, a fraca produtividade das nossas empresas, da necessidade ditada pela união europeia de aumentar o número de licenciados, mas o certo é que os números não mentem.
Em Portugal, formam-se pessoas para as “largar” num mercado de trabalho estagnado inerte e pouco preparado para receber pessoas que pensam, que tem iniciativa e conhecimentos.
Também é verdade que muitos licenciados saídos directamente das universidades e politécnicos não possuem as qualidades acima mencionadas e talvez por isso também não consigam avançar.
O que se passa de errado afinal?
Teremos um sistema de ensino nivelado por baixo? Que nos prepara de forma deficiente esperando apenas que os alunos interiorizem um determinado número de teorias mas não os incentivando a pensar?
Será esse um dos erros crassos provocados pela sangria desatada de qualificar pessoas para não sermos mais um número na cauda da Europa.
Será outro erro a não previsão das flutuações de mercado e das necessidades reais do pais?
O que faz com que exista um número desmesurado de cursos e variações de cursos que formam centenas de pessoas todos os anos e que se sabe à partida que não se traduzem numa oportunidade real de trabalho?
È culpa do aluno que se deixa guiar pelo sonho de prosseguir a sua área de eleição mesmo perspectivando que terá um futuro difícil, ou das autoridades responsáveis que permitem que se continue a escolher mal?
O cenário traçado esta semana na Visão, já traçado há poucas semanas na TVI, é só mais uma reportagem para as pessoas adensarem conversas nos cafés. Para a semana o tema de capa será outro.
E nós, os Jovens licenciados ou não, com recibos verdes, com contratos de trabalho fictícios ou simplesmente a dar um jeito em qualquer lado para não estarmos parados em casa, nós os Jovens que não podemos comprar um carro, já não sonhamos com aquela viagem ao estrangeiro e aguentamos mais uma estação aquela peça de roupa já coçada pelos anos, nós os Jovens que ainda telefonamos ao pai a pedir para depositar mais uns euros que este mês as contas lá de casa foram maiores do que o esperado vamos continuar a sentir todos os dias as mesmas dificuldades.
A instabilidade e a frustração são impossíveis de contornar.
Para mim, projecto coisas para o futuro. Acredito que esse projecto possa funcionar.
Mas se por algum motivo esse projecto não avança ou fica parado no tempo pelos constrangimentos da burocracia e da complicação dos requerimentos e avaliações, o que me sobra neste panorama actual?