segunda-feira, novembro 27, 2006


Toda a vida isto, esta culpa de querer ser diferente, de querer ser livre. Esta vontade de mandar parar o autocarro, descalçar os sapatos e correr pelos campos molhados e sentir o vento frio no rosto.
Sempre esta vontade oprimida de poder ser eu a decidir, de decidir e ser responsável pelas minhas decisões. Nunca fui, nunca me deixaram decidir.
Sempre esta culpa de querer fazer, mas não o fazer porque isso iria ferir esta ou outra pessoa, sempre esta merda de situação familiar, de contingências, de deveres, de não poder melindrar as esperanças que depositam em nós. Sempre algo primeiro, porque não temos condições financeiras, porque é o nosso pai, porque temos sonhos e não os podemos realizar sozinhos, e ninguém nos está disposto a ajudar assim, desinteressadamente, há sempre um “payback time”.
Cansei. Cansei de viver contrariada, de não poder, de não fazer, de não decidir, de ter medo de que se descubra. Cansei da adrenalina da clandestinidade, das falsas verdades, das meias verdades, das verdades disfarçadas, deste mundo que eu criei para disfarçar a minha incompetência em gerir a minha vida, a minha incompetência em decidir por mim, a minha fraca auto-estima, o meu medo! O medo enorme que sempre tive de ser eu, desta maneira que sou, de perder, de errar, de não sei, simplesmente de não estar certa.
Agora estou a largar-me ao vento, estou a cortar estas amarras, a deixar cair estas âncoras, este sufoco que sempre me prendeu a vida.
Fiz muita asneirada pelo caminho, na procura deste momento enganei-me muitas vezes, mas desta vez sinto-me leve, sinto-me livre, desta vez o que acontecer será só minha responsabilidade, será só a minha opção, serei eu a dar contas a mim e aqueles que amo.
Ficam coisas para trás, ficam coisas caídas no chão, outras dores, outras raivas, mas não são minhas, não vão ser mais. ..

sexta-feira, novembro 24, 2006

Um azar nunca vem só...


Não bastava já estar a chover torrencialmente, serem quase nove e meia da noite, e eu já ter muitas horas de movimento nas perninhas, avaria-se o carro bem ali ao pé da gare do Oriente.
Chovia tanto que quase não conseguia ouvir o senhor da assistência em viagem no telemóvel…
Quatro dias em Lisboa e o meu velhinho chaço não se aguentou! Será possível que as coisas não me podem correr simplesmente bem?!
Quando eu começo a ver o ponteiro do gasóleo a baixar drasticamente, seguido de uma apagão total do sistema eléctrico encostei antes que entrasse em vias mais complicadas.
E ali fiquei eu, dentro do carro, a ouvir chover e a ver os outros passarem enquanto não chegava o reboque.
Chorei de raiva. Porque sabia que hoje o dia ia ser muito complicado, porque eu estava tão ansiosa por ir hoje de novo para Portalegre, queria tanto, ansiei isso toda a semana e agora estou presa aqui. Estou presa aqui, com um carro empanado para arranjar, e ainda por cima lá tenho de ir dar satisfações à entidade paternal que anda muito pouco satisfeita comigo.
Há pouco mais de uma semana eu estava quentinha na minha cama, brincava com a mia, olhava pela janela a ver chover e sorria… estava feliz.
Agora é só problemas, transito, solidão e muita, muita saudade de tudo o que lá está…
Ninguém disse que ia ser fácil, e não está a ser!

terça-feira, novembro 21, 2006

Parece que é tudo um sonho e que amanha vou acordar no lugar certo, com os cheiros certos, com a luz certa na janela, com a mia a roçar-se nas minhas mãos...
Posso ficar assim neste sonho...
Sei que o acordar amanhã vai ser diferente e isso doí.
Sinto já tantas saudades, sinto este meu coração apertadinho, pequenino pronto a só voltar a ser feliz na próxima sexta-feira...

sábado, novembro 18, 2006

Este é talvez o momento mais penoso da minha vida.
De todas as vezes que eu achei que estava a sofrer, de todas as minhas infântilidades, de todas as minhas culpas, de todos os meus males. Este, este é aquele que mais doi, que mais doeu sempre...
Sempre o estigma da libertação para mim, sempre esta merda de sentimento, de impossibilidade de voltar a trás. As minhas etápas. E para quê? A minha rebeldia, o meu sonho do mundo. Quatro anos após o inicio, ai volto eu. Ai vou eu para a primeira saida possivel, para o lugar mais quente possivel, tão quente, mas não tão quente como o inferno...
Que queres? Que sempre quiz?
Sempre achei que queria ser feliz. Depois chegou aquela altura que já me bastava apenas não ser triste! Tudo o que eu queria está naquelas quatro paredes e de tudo o que se encerra nelas. Na paisagem que fica para trás no rectovisor. Em mim, em mim de tantas e diversas formas.
Mas não pode ser.
Tudo o que eu queria era mesmo um lugar naquele meu canto de céu com o meu anjo.Tenho de vir para longe. Não quero esta ruas, não quero esta gente, nem este ar que não é so meu. Este ar é de milhões.
Este não é o meu cantinho de céu, mas também não é o meu inferno... È o limbo, é meio, é sofer na mesma, é estar longe...
Penso quantos dias passarei a ser miserável.... durante quanto tempo se apertará o meu coração no peito?
Quanto tempo levarei a sentir esta dor quase fisica da inevitabilidade?Só queria que o tempo estagnasse, só queria estar ainda bem lá atrás...

quarta-feira, novembro 15, 2006

Nostalgias...


Chove por aqui…está um daqueles dias bem tristes como se a natureza se juntasse a mim para chorar os tempos passados. Como se o céu pousasse a sua mão no meu ombro e me sussurrasse, “não choras só, anima-te…”.
Mas aquilo que eu choro é mesmo só meu. O princípio do fim já começou há muito tempo, mas parece que está sempre tão longe, parece que nunca vai chegar, mas chega. E este tempo que devia ser de esperança num futuro, este tempo que é o verdadeiro início do resto da minha vida é doloroso, dói quase fisicamente. Porquê? Tantas decisões, tantas coisas que não me pertencem só a mim, mas que são só minhas.
Cada vez que olho para a frente vejo um mundo inteiro de coisas à minha espera, cada vez que olho por cima do ombro vejo o meu mundo, como uma âncora, como se eu fosse uma árvore cheia de raízes e me fosse completamente impossível mover.
Tudo em mim grita neste momento, eu grito de desespero. Queria ter tudo sem abdicar de nada, queria que o destino fosse eu ou então que ele escolhesse de uma vez por todas por mim…
Este medo da mudança, esta coisinha tão genética que é a porra da nostalgia, a saudade vivida antes das coisas terem passado, a inércia pelo medo de a sentir, o raio do fado…
Devíamos poder estagnar o tempo e ficar estudantes para sempre, e ficar com os nossos amigos sempre, ir às aulas, pedir dinheiro ao papá e beber copos à quinta-feira… Mas não podemos, temos de ficar aqui felizes porque acabamos o curso e tristes porque vemos os outros partir, arrasados porque o que nos espera é isso, partir também…

domingo, novembro 12, 2006

A penha...

A Penha é sempre linda, mas de madrugada quando o sol começa a nascer é ainda mais...

sexta-feira, novembro 10, 2006

Festa da Castanha em Marvão


“No São Martinho vai-se à adega e prova-se o vinho”,
sempre o ouvi dizer.
Chega-se a esta altura e aparecem os magustos, o cheiro das castanhas assadas sobem pelas ruas e misturam-se com tudo o resto. Nesta altura temos a certeza que o Verão passou e que chega ai o Inverno.
Na televisão já passa publicidades de Natal e não tarda nada há música natalícia pela rua do comércio.
Nesta altura aparecem também por ai os antigos estudantes, aqueles que já acabaram esta etapa à uns anitos. A festa da Castanha é assim um belo pretexto para noites longas e bem passadas.
Parece que a seu modo a tradição continua a ser o que era, mas agora em vez de se ir à adega provar o vinho e fazer serões com a malta da aldeia, o pessoal junta-se aqui pelas terras do Alto Alentejo para fazer a peregrinação anual aquele sítio lindo, criado pelas mãos da natureza e aperfeiçoado pelas mãos do homem, que é Marvão.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Associação Prometeu Apresenta

"Uma Noite Azul Com..." Nobody's Bizness Blues Band
Sábado, 2 de Dezembro, 22 horas Espaço Café-Concerto, Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre
http://www.myspace.com/nobodysbiznessband

segunda-feira, novembro 06, 2006

Volver

Acho que é mesmo pura nostalgia, pura esperança num futuro, na ideia que podemos algum dia resolver os mal entendidos do passado.
Esta nostalgia sai de um imaginário muito próprio, muito “espanhol”, de mulheres que falam alto, que lutam e sofrem e voltam a sofrer ao calar as suas tragédias pessoais. A família, a terra que se deixou para trás, as suas lendas o seu cheiro, tudo aquilo que ficou lá enterrado. A mim disse-me que o passado pode sempre voltar e que não devemos abandoná-lo, devemos sempre observá-lo por cima do ombro, porque ele nos pertence e nunca nos vai deixar.
Depois é um filme bonito de cores fortes, de coisas simples e de forma simples que têm uma carga simbólica e dramática muito grande. Gostei, gosto do senhor Almodôvar.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Emiliana Torrini, Sunny Road

E esta também...além de linda faz-me sentir bem!

Regina Spektor - Fidelity

Esta musica é linda...

quinta-feira, novembro 02, 2006

Morphine - Super Sex

Só porque está um daqueles dias de Outono, apetece-me ouvir morphine. Porque gosto, porque me trás boas recordações...Só porque sim.