quinta-feira, julho 31, 2008

Tempos houveram em que achei que algum dia haveria simplicidade nas coisas. Mas o tempo passa e tudo se complexifica como um nó que não consegue ser desatado...

O Jornal Regional e a “imparcialidade”.


Penso que não é novidade para ninguém que, a imparcialidade no Jornalismo é uma utopia, uma mistificação do papel do jornalista e uma realidade grandemente constrangida pela necessidade de sobrevivência das instituições.

Porque mesmo que o Jornalista em si e no seu trabalho o seja o mais possível, o critério de escolha editorial e o factor angariação de publicidade condicionam em toda a linha os assuntos que ocupam as páginas de um jornal.

Quando me abordam e me perguntam o porquê de não se abordar este tema, o porquê de não falar naquele assunto flagrante, o porquê de afinal não se cumprir o objectivo óbvio de pôr o dedo na ferida, de se denunciar o que está mal o ser o mais informativo possível, a única resposta que eu posso dar é cingir-me ao silêncio.

Porque deve parecer mal dizer em público, que no fundo, a preocupação capitalista e empresarial não se coaduna com esses pormenores idealísticos, e teoricamente correctos do Jornalismo.

O que é uma pena. Mas eu enquanto responsável pela publicidade do pasquim, consigo compreender a linha ténue que separa a sobrevivência da empresa e a falência por falta de anunciantes.

Na imprevisibilidade que é a venda de publicidade, e principalmente a recuperação de pagamentos, num jornal regional, existe uma coisa que é quase certa. A sobrevivência básica é assegurada pelo poder local.

E no poder local podemos incluir mais do que as instituições de estado. Podemos falar de pessoas influentes, de empresas há muito instaladas, de situações que de tão antigas são instituições, de ideias das quais não se pode distanciar.

Porque é que não se fala da falta de um parque infantil, dos escritórios abafados que surgiram como cogumelos e que servem de ocupação de tempos livres para as crianças no Verão a preços exorbitantes que os pais pagam por não terem outra alternativa. Porque não se fala da má representação Politica da região nos órgãos centrais, e no esquecimento geral em que está a região?

Porque é que não se enche invariavelmente as paginas verdades inquestionáveis e incómodas?

È triste, num pais onde existe liberdade de expressão. A democracia aqui apenas nos permite, delicadamente e sempre em sobressalto tentar assegurar os ordenados ao fim do mês.

Ao ser eliminado o beneficio do porte-pago, ao não existir fundos direccionados à actividade, condena-se os meios de comunicação social do interior do pais a prosperarem apenas se aceitarem tornar-se num catalogo, enchendo as suas páginas de publicidades, mendigando edição após edição perto das entidades, nem sempre disponíveis, e na maior parte das vezes má pagadoras. Problema ainda mais agravado na nossa região, cuja malha industrial é fraca e as empresas capazes de estruturar planos de comunicação que incluam gastos de publicidade são poucas

No momento, e perante o grande numero de desempregados altamente qualificados na área, parece-me que um investimento profundo e uma revitalização dos meios de comunicação social do interior, poderiam reanimar o mercado, absorver inúmeros jovens no desemprego e manter a tradição em aberto, porque ainda existem centenas de pessoas, idosas ou a caminho do ser, que esperam religiosamente pelo jornal de manha.

Poderia-se pensar em benefícios fiscais para as grandes empresas a nível nacional se gastassem parte dos milhões que gastam anualmente obrigatoriamente em páginas de jornais nacionais? Criando uma rede de incentivo, ajudando a perceber que uma estratégia de proximidade em determinadas regiões é mais facilmente cumprida por esses meios do que através de um jornal nacional?

Estudos, teses? Como se convence as agências de meios e os gabinetes de marketing que o Zé da Esquina lê o jornal lá terra e nem se chega perto de um Publico ou de um Expresso?

quarta-feira, julho 30, 2008

007

Já disse que era devota da saga Bond aqui.






E estou ansiosamente à espera do novo "Quantum of Solace".

E já passaram quase dois anos...

terça-feira, julho 29, 2008

Depois do belíssimo fim-de-semana por terras da Gloria, com direito a monte alentejano e Festa de Aldeia, aqui estou eu de novo, sentada no raio da cadeira em que me afundo estirada frente a um monitor.

Esta sensação de perda de tempo agravada pelo ar estagnado que paira no interior do escritório, esta sonolência pós almoço em dias de Verão e esta vontade infinita de sair por ai a aproveitar as brisas quentes antes que se esgotem com o final da estação, só agravam ainda mais a falta de vontade de aqui estar.

Há realmente dias que apetece tudo menos trabalhar…

A Estação (2003)


Finbar McBride: Well, there are people called train chasers. They follow a train and they film it.
Olivia Harris: Are you a train chaser?
Finbar McBride: No.
Olivia Harris: How come?
Finbar McBride: I don't know how to drive a car. And I don't own a camera.
Olivia Harris: That'd do it.


É um argumento de uma simplicidade tal que se torna tocante e nos fica na memória.

A sua mensagem é simples e devíamos interioriza-la todos dias aceitando com naturalidade a diferença.

Três pessoas solitárias, três vidas vazias de sentido que se encontram numa velha estação de comboios.

Entre os três nasce um ligação, uma amizade forçada, quase que rejeitada ao inicio para logo a seguir ser acariciada.

Porque até no silêncio dos outros é possível encontrar uma companhia e a solidão pode realmente ser partilhada.


Filme acariciado pelo publico no Festival de Sundace em 2003 entre outros festivais de cinema independente. Um daqueles que sabem bem ver.





sexta-feira, julho 25, 2008

Curtas...

Tarantino's Mind


Vale a pena perder 15 minutos e ver esta teoria!
Boas surpresas estas que chegam do outro lado do oceano!
Uma delicia esta maneira brasileira de falar inglês.

quinta-feira, julho 24, 2008

The Saveges (2007)

Nada deve ser mais humilhante do que chegar ao fim dos nossos dias perdidos na dependência de outros. Sentir a demência chegar até nós, esconder do mundo que a energia já nos falta para andar, não controlar funções simples, deixar de ser independente e voltar a estar aprisionado num corpo de criança acabado de nascer.

Como se pode viver assim com dignidade?

E até que ponto os outros devem sacrificar o seu quotidiano para nos poupar de um fim sem glória?

Quanta da diligência dos que nos tutelam deve ser simplesmente altruísta, quando em dias passados nós próprios não amparamos correctamente as suas quedas?

“The Saveges”, é uma comédia dramática, que foca a vida de dois irmãos distantes, filhos de uma família desestruturada. Tudo corre normalmente dentro dos seus mundos emocionalmente disfuncionais.

Até que o seu velho pai lhes “cai” do céu num estado de demência.

As suas vidas colidem uma com a outra, e no meio de opções difíceis, de dúvidas sobre a dignidade humana dão-se a si mesmo a oportunidade de ser novamente irmãos e de reconstruir a sua vida.

Muito bom “feeling” este filme. Ao mesmo tempo uma carga dramática muito grande e uma maneira ligeira de a contar.

Um argumento tão simples e tão complexo nas suas questões, emoldurado por uma fotografia cheia de contrastes e cores que tornam este filme numa delicia visual. Com banda sonora a condizer.

Laura Linney e Philip Seymour Hoffman em belíssimas interpretações.

Um filmes daqueles que vale a pena ver.





terça-feira, julho 22, 2008

A Desgraça de J.M. Coetzee


Dá para compreender que o Apartheid na África do Sul só terminou no início dos anos 90?

Não sendo esse o assunto central deste livro, esse facto não deixa de pairar sobre as nossas personagens, uma pesada herança que serve de desculpa para uns e de castigo para outros.

Antagonistas, pai e filha, jovem e quase velho. A vida no campo, a vida na cidade.

Um que decide fugir após a sua pequena desgraça pessoal, outro que apesar disso se cinge à sua terra aceitando o seu fardo como um preço a pagar pela história.

Mais que um drama familiar, mais que um homem a atravessar a crise da meia-idade e a deparar-se com a sua solidão, “A Desgraça” é um retrato social cru e árido. Quase fatalista e ao mesmo tempo resignado.


J. M. Coetzee nasceu na África do Sul, Cidade do Cabo, em 1940. Professor de Literatura na Universidade da Cidade do Cabo. É autor de Dusklands, Boyhood: Scenes from Provincial Life, Strange Shores, Youth: Scenes from Provincial Life II e de À Espera dos Bárbaros (CNA Prize, Geoffrey Faber Memorial Prize e James Tait Black Memorial Prize), A Ilha, A Idade do Ferro, O Mestre de Petersburgo (Irish Times Internacional Fiction Prize), Desgraça (Booker Prize), Elisabeth Costello e No Coração desta Terra (CNA Prize), editados pelas Publicações Dom Quixote. Slow Man e Diary of a Bad Year são os seus mais recentes romances. A sua obra inclui ainda traduções, estudos linguísticos e crítica literária.
J. M. Coetzee recebeu inúmeros prémios, entre os quais o Jerusalem Prize, o Lannan Literary Award for Fiction e o Commonwealth Writers Prize. Em 2003 foi galardoado com o Prémio Nobel de Literatura.



sexta-feira, julho 18, 2008

Sala de Cinema - VI

Nunca fui grande apreciadora de historias de ficção cientifica, e as bandas desenhadas que servem de base à maior parte das histórias de super heróis que vão saindo no cinema passaram-me completamente ao lado.
Surgem por isso boas surpresas, como este Homem de Ferro.
Gostei do filme porque está bem feito, com pormenores bastante apetecíveis, porque as personagens são boas e tem umas piadas giras, porque no seu todo é um bom argumento e um bom filme de domingo, entretenimento puro.


terça-feira, julho 15, 2008

Parecia inatingível ....

Há 11 meses sem fumar...
A sentir-me melhor que nunca!

A crise ...

Percebi hoje que, quando eu compro algo por aquele preço fantástico muito abaixo do preço de mercado, em contraste à minha sensação de vitória por ter agarrado uma oportunidade, está a frustração de quem vende impotente perante a crise instalada...

C'mon Billy

segunda-feira, julho 14, 2008


Respira-se fundo quando sentimos que uma prova foi superada, que aquele momento que esperávamos e principalmente temíamos passou sem mácula pela nossa vida.

Porque sofremos antecipadamente? Qual a necessidade fisiológica deste mecanismo rocambolesco que nos faz inventar cenários onde tudo que pode acontecer de mau acontecerá?

Auto-protecção? Instinto? Sistema de alerta?

Ou apenas sofrimento desnecessário perante uma coisa que ainda nem aconteceu… Mas que até pode acontecer.

Quando saímos desta espécie de torpor, desta letargia esgotante percorremos o nosso mundo. A percepção da fragilidade das nossas bases, a consciência do que um mero abalo pode fazer à nossa rotina diária, a simples certeza de que a nossa realidade é demasiado efémera, demasiado dependente de factores externos a nós, entramos num outro torpor.

Afinal continua a não estar apenas nas nossas mãos.

O controlo. Esse poder total sobre os nossos dias perde-se ainda, dilui-se em demasiados preceitos, sentidos de obrigação, coisas que não querendo afinal não devemos deixar de fazer.

Aceito, nunca aceitei enquanto crescia.

A liberdade perde-se ainda mais com o passar do tempo. Deixa de existir…

Não chegou a mim como eu pretendia.

P.J. Harvey

Porque naqueles tempos a minha cabeça andava demasiado ocupada a olhar para dentro de si.
Porque o ambiente em que se cresce e as pessoas que nos acompanham marcam os nossos primeiros passos, enfim, porque a democratização de toda a arte só chegou para mim depois da vinda para Portalegre, muitas coisas só me chegam agora.

Do meu cepticismo crónico saiu agora a vontade de ouvir e escrutinar o trabalha desta senhora.

Não sei porquê, apetece-me!

sexta-feira, julho 04, 2008

About Today (live) by THE NATIONAL



Para degustar no fim-de-semana...

silly season

Diz que a silly season chegou também a este Blog.
Dai os silêncios prolongados, o aborrecimento geral e falta de assunto.

Enquanto no pais se discute a crise e pelo segundo ano consecutivo a celulite da namorada do Ronaldo é Headline na capa de um conhecido jornal nacional, por esta interioridade fustigada pelo sol quente de Verão o que apetece mesmo é preguiçar junto a uma piscina no sopé da montanha e fingir que se vive num outro reino. Num daqueles que não está de tanga e em que se pode olhar o futuro com um sorriso promissor.

Depois de mais uma passagem pelas reuniões do centro de emprego, desta vez a proposta era o ingresso na Força aérea (a reunião anterior propôs a entrada na Marinha), pergunto: Será que ninguém no centro de emprego percebeu que eu, assim como outros que lá estavam, não queremos, nunca quisemos e duvidamos que algum dia venhamos a querer ingressar na vida militar?
Até porque andamos a estudar quatro anos para ter um canudo e uma vida civil digna?!

Senhores, se eu quisesse ir para as forças armadas tinha ido com 18 anos e hoje já tinha para ai uma medalha ou duas daquelas que dizem qual é o posto!

Please poupem-me dessas reuniões, é que eu sou desempregada, mas graças a Deus não sou desocupada e tenho muito que fazer!!
Agradeço a atenção dispensada ao meu caso em particular!

E Bom fim-de-semana para todos.

quinta-feira, julho 03, 2008

Breakfast on Pluto

Não deve ser só de mim! O filme é mesmo marado. Exuberante, cheio de cor e de ideias diferentes.
Poderia apontar-lhe alguns defeitos, dizer que há falhas de argumentos, demasiados assuntos inexplorados ou explorados de forma insatisfatória.
Mas acho que isso era querer que o filme fosse mais "normal". E a beleza dele é ser dessa mesma maneira, estranho quanto baste, tocante e ao mesmo tempo constrangedor!

Sala de Cinema - V




Puro entretenimento! Era tudo o que se pedia ao filme!
E foi o que ganhamos ao ir vê-lo, um bocado muito bem passado!