sexta-feira, maio 30, 2008

Há um ano atrás...



O tempo passa...
Faz amanha um ano, estava eu em pulgas a preparar-me para uma noite memorável no São Jorge. Casa cheia para receber o Andrew Bird na apresentação do seu novo álbum Armchair Apocrypha. Desta vez veio acompanhado de banda, a sala era maior, e o publico mais diversificado.
No entanto a magia foi mesma que no Lux em Setembro de 2005.
Engraçado esta coisa do tempo, se por uma lado é uma chatice ver a nossa data de nascimento cada vez mais distante, por outro é delicioso ter coisas para recordar.Os concertos deste senhor já tem lugar reservado no meu baú de recordações.

quinta-feira, maio 29, 2008

Gone Baby Gone


Angie Gennaro: It's kidnapping.
Detective Remy Bressant: I don't see a note. Do you see a note?
Nick Poole: Nope. No note
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Angie Gennaro: We have a good life, right?
Patrick Kenzie: Is that a trick question?
Angie Gennaro: I don't wanna find their little kid in a dumpster.
Patrick Kenzie: Maybe she's not in a dumpster, babe.
Angie Gennaro: I don't wanna find a little kid after they've been abused for three days.
Patrick Kenzie: Hon, nobody does.
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Patrick Kenzie: He lied to me. Now I can't think of one reason big enough for him to lie about that's small enough not to matter



As coincidências são por vezes infelizes, e neste caso quase que “abafavam” o filme.
Porque afinal, fala-se de muito mais neste “Gone Baby Gone”para além do desaparecimento.
Mais que um filme sobre uma criança que desaparece, é um filme sobre fazer o que está correcto no momento exacto, mesmo que o correcto, o certo não seja a melhor coisa que se possa fazer, mesmo que no fim o resultado não seja o esperado, mesmo que todas as pessoas sejam contra essa decisão certa, a única moralmente irrepreensível.

É um filme sobre aceitar essa decisão e viver com ela, mesmo que no fim preferiremos ter tomado outra.
Não deixa de ser uma argumento amargo que se transforma num belíssimo filme.
Excelentes papeis sobre a direcção de Ben Affleck que surpreende atrás das câmaras.

Depressão...

Levanto-me todos os dias pelas 8h30. Tenho por habito ligar a televisão. Porque gosto da sua companhia despreocupada, porque fala comigo e não me pede respostas nem opiniões, faz simplesmente companhia.
Ganhei o habito dos tempos que estive em Lisboa, era importante ver o transito. Agora é importante ver o tempo e já agora, que trabalho num Jornal, perceber qual a noticia do dia.

No entanto o desalento vem perseguindo as minhas manhas. Se num dia o combustível aumenta, no seguinte a terra treme e mata milhares de pessoas. No dia seguinte o combustível aumenta e no seguinte ciclones arrasam países e matam milhares de pessoas. Ainda não refeita das desgraças, no dia seguinte aparece a crise dos cereais e especula-se sobre o aumento catastrófico do preço dos alimentos. Na nossa santa terrinha, os políticos discutem ninharias, o deficit aumenta o emprego diminuiu, os pescadores ficam em terra e o governo finca o pé na não possibilidade de descida da carga fiscal sobre os combustíveis.
Do outro lado do Atlântico pessoas queimam as suas casas numa tentativa desesperada de receber os seguros enquanto outras simplesmente as abandonam e enviam as chaves por correio para os bancos credores.
Fome, mais fome, desgraça e futuro incerto parecem ser as únicas noticias capazes de abrir jornais nos dias de hoje.

Não há como começar o dia nesta depressão...

Cat Power



Bem que gostaria de ter estado no concerto desta senhora, ontem no Porto ou na passada segunda-feira em Lisboa.
Não se pode ir a todas...
É uma verdade irrefutável.

sexta-feira, maio 23, 2008

A vida dos outros (2006)

É uma história comovente. Um filme franco e imparcial que conta como é viver em ditadura, como é ser-se constantemente controlado mesmo quando nada há contra nós.

A dualidade de sentimentos surge no nosso espião (Wiesler) ao ser confrontado com o novo mundo das artes, da música e das letras. A beleza da vida de outros leva-o a questionar a sua vida, dedicada a um regime cujo intuito é controlar e destruir os ímpetos criativos individuais.

Surge em si a dúvida sobre o certo ou errado ao descobrir que a sua missão tem o intuito de descobrir falhas na imaculada reputação do escritor Georg Dreyman, algo que demonstre que ele afinal é contra o regime apenas porque um superior quer a sua mulher, uma actriz em ascensão.

Porque as sociedades nem sempre são regidas pelo que é justo, este é um retrato amargo, mas ao mesmo tempo cheio de uma esperança.

Porque existe em cada pessoa uma parte boa que é necessário descobrir.

Um filme alemão que arrebatou o Óscar de Melhor Filme eEstrangeiro em 2006 entre outros prémios espalhados pelos diversos festivais de cinema do mundo, e que nos lembra que há vida para além dos filmes falados em inglês.

Sunset Boulevard (1950)

[first lines]
Joe Gillis: Yes, this is Sunset Blvd., Los Angeles, California. It's about 5 0'clock in the morning. That's the homicide squad, complete with detectives and newspaper men.

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Joe Gillis: You're Norma Desmond. You used to be in silent pictures. You used to be big.
Norma Desmond: I *am* big. It's the *pictures* that got small.

Norma Desmond: They took the idols and smashed them, the Fairbankses, the Gilberts, the Valentinos! And who've we got now? Some nobodies!
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Norma Desmond: There once was a time in this business when I had the eyes of the whole world! But that wasn't good enough for them, oh no! They had to have the ears of the whole world too. So they opened their big mouths and out came talk. Talk! TALK!

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Joe Gillis: I didn't know you were planning a comeback.
Norma Desmond: I hate that word. It's a return, a return to the millions of people who have never forgiven me for deserting the screen
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[last lines]
Norma Desmond: [to newsreel camera] And I promise you I'll never desert you again because after 'Salome' we'll make another picture and another picture. You see, this is my life! It always will be! Nothing else! Just us, the cameras, and those wonderful people out there
in the dark!... All right, Mr. DeMille, I'm ready for my close-up.Talvez nenhuma outra personagem seja tão intensa, tão overacting como Norma Desmond. Velha lenda dos primórdios do cinema mudo, “Star” ultrapassada pelo advento do som. Extravagante e rica, vive num mundo decrépito onde o tempo parece ter parado, como que preso noutra dimensão onde a opulência e a excentricidade de se ser uma estrela de cinema tudo permitiam.

Joe Gillis é uma argumentista falido, desesperado e sem grandes perspectivas. Da conjunção destas duas personagens surge o mais demente retrato da vida em Hollywood em meados do século passado.

Sunset Boulevard é um filme arrebatador, uma obra-prima da sétima arte.

Um noir subtil que se desenrola num crescente de tensão que culmina num fim demente, teatral e tão excêntrico como só Norma Desmond poderia nos proporcionar.

Billy Wilder, depois de Double Indemnity (1944), entra novamente no mundo do noir. Para mim, que o via apenas como lenda dos musicais, não deixa de ser uma agradável surpresa.

Um filme cheio de diálogos inteligentes e acutilantes, de personagens intensas e de situações emblemáticas entre o trágico e o cómico. Que nos despertam pena e ao mesmo tempo desprezo. Um belíssimo filme.

quinta-feira, maio 15, 2008

The National



(Esta versão vista ao vivo e a cores no passado domingo na Aula Magna :))

Não tem havido grande tempo para parar e sentir todas as coisas que ainda faltam sentir em relação ao concerto de domingo.
Não estava à espera que fosse tão bom, que me pusesse a pular tanto, que me fizesse sentir tantas coisas e que, passados vários dias, ainda me continue a arrepiar ao ver os vídeos e ao sentir toda aquela gente a vibrar.
E continua a arrepiar, ouvir as musicas tantas vezes já repetidas na You Tube, ler as opiniões por essa Net fora.
Sem dúvida um dos melhores concertos a que assisti.
Ainda o estou a assimilar!

sexta-feira, maio 09, 2008

Em contagem decrescente...



Só já faltam três dias...

A troca de David Lodge

David Lodge é um conceituado escritor Britânico, professor académico durante a maior parte da vida, deu aulas em Universidades como a University of Birmingham, ou a University College London. Foi nomeado duas vezes para Man Booker Prize (em 1984 com Small World, e em 1988 com Nice Work).
A Troca, (Changing Places 1975) é um livro descontraído e com um toque de comédia, sobre dois professores que à luz de um intercâmbio entre as suas universidades trocam de lugar durante 6 meses.

Philip Swallow muda-se para Euforia uma Universidade conceituada dos E.U.A. a atravessar um conturbado período de revolução estudantil, e Morris Zapp vai para a pacata Universidade de Remexe na Inglaterra, lugar esquecido e parado onde o sol raramente brilha e o Inverno é rigoroso.

Tanto Remexe como Euforia são cidades imaginadas pelo autor, sitios que surgem como esteriotipos das cidades americanas e inglesas.

Mas a adaptação destes dois professores aos seus novos mundos vai fazer uma revolução nas suas vidas pessoas e daqueles que os rodeiam. Um mundo de auto-descoberta e de rejuvesnecimento para homens de meia idade que lêem Jane Austen e se tentam adaptar aos novos tempos do Flower Power.

Os contextos sociais de ambos os países, as suas relações amorosas e profissionais, a leveza de espírito com que esta história é contada faz da leitura deste livro um momento de leve descontracção e até de um sorriso malandro ao canto da boca.

Lost

O mistério está de volta...
E continua a ser tão empolgante como na primeira temporada!

Passamos de Flashback para os FlashForwards. Neste momento e após revelado o passado das personagens principais, passamos a conviver com pedaços de um futuro fora da ilha que adensa ainda mais o mistério obscuro que se esconde naquele sitio.
Para "devorar" nos próximos tempos!

quinta-feira, maio 08, 2008

Quando a publicidade...

Se torna em objecto de arte



Surgem estas ideias excepcionais!

segunda-feira, maio 05, 2008

The National


Está quase ai!

sexta-feira, maio 02, 2008

The Lady from Shanghai

Arthur Bannister: Killing you is killing myself. But, you know, I'm pretty tired of both of us.

Consta que cortar e pintar de louro os longos cabelos ruivos de Rita Hayworth causou grande polémica. Mas esta foi sem dúvida uma tentativa de descolar Rita do seu papel mais marcante, Gilda, que estava ainda bem fresco na mente dos espectadores, visto que tinha saído para a rua no ano anterior.

Talvez tivesse sido uma transformação desnecessária, pouco há de Gilda nesta Elsa Bannister, porque Gilda era tresloucada e inofensiva. Apesar de sedutora e manipuladora, Gilda não passava de uma ingénua apaixonada.
A Dama de Shanghai, pelo contrário tem na sua génese a maldade, o seu génio funciona com vista a um desfecho que só a si pode interessar.

Mais uma vez, o “desgraçado” da história é acometido por uma obsessão amorosa pela figura de uma mulher. E ele sabe que essa será a sua desgraça, no entanto, e como é costume no Noir, Michael O’Hara não consegue fugir a um destino que parece já estar escrito.

Também este Michael de Orson Welles é atormentado, tal como Jeff Bailley de Robert Mitchum (Out of the Past 1947). Algo no seu passado lhes mudou percurso.

Michael O’Hara matou um homem em Espanha. È o máximo que sabemos da sua vida de marinheiro.
A quente, ao acabar de ver o filme, pensei que Orson Welles era um canastrão na arte da representação, a sua personagem expressa pouca emoção, existe um negrume, uma quase ausência em Michael O’Hara. Mas talvez esse seja um julgamento injusto, a sua personagem é inessencialmente um enigma.
E é essa ausência que lhe confere essa áurea estranha de explicar.


Todo o filme é um mistério, porque as suas personagens são desconhecidas.
Sabemos para onde vão, mas desconhecemos ao certo de onde vêem.

Mais uma vez o mal é representado no feminino. Elsa não estará ao nível de uma Phyllis Dietrichson (Double Indemnity), mas continua a ser uma vilã que terá de enfrentar o seu castigo.

È interessante estudar o papel feminino nos filmes Noir e lê-los à luz da sociedade da altura. Tanto Elsa como Phylllis direccionam a sua maldade na procura da liberdade. Esperam livrar-se das respectivas relações com homens que as oprimem e de algum modo as tratam como parte da mobília.
O seu erro acaba sempre por ser a sua ganância. Elas desejam ser livres, mas não o concebem sê-lo sem dinheiro mesmo que isso signifique ingressar num plano que põe em causa a sua própria vida.


A cena final na casa dos espelhos, é umas das cenas mais bem conseguidas que vi no cinema. Porque a metáfora dos espelhos reflecte mais que simples imagens. Numa experiencia visual surrealista as forças combatem-se, é como na parábola que Michael conta aos seus anfitriões, os tubarões acabam por se comer a si próprios.

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Michael O'Hara: Once, off the hump of Brazil I saw the ocean so darkened with blood it was black and the sun fainting away over the lip of the sky.We'd put in at Fortaleza, and a few of us had lines out for a bit of idle fishing. It was me had the first strike. A shark it was. Then there was another, and another shark again, 'till all about, the sea was made of sharks and more sharks still, and no water at all. My shark had torn himself from the hook, and the scent, or maybe the stain it was, and him bleeding his life away drove the rest of them mad. Then the beasts to to eating each other.In their frenzy, they ate at themselves.You could feel the lust of murder like a wind stinging your eyes, and you could smell the death, reeking up out of the sea. I never saw anything worse... until this little picnic tonight.And you know, there wasn't one of them sharks in the whole crazy pack that survived.
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P.S. Dei por mim a pensar, qual será a melhor década do cinema?
Não sei, mas parece que a melhor década do cinema Noir só pode ter sido a década de 40. Numa vista de olhos pelos filmes que tenho visto, todos se encaixam entre 1941 e 1948. O bom que deve ter sido ir ao cinema nessa altura!

quinta-feira, maio 01, 2008

Dias de sol




A primavera anda à solta pela serra de Portalegre!
È uma pena que não dê para se cheirar nas fotografias:)



Portalegre!